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Maioria dos jovens não consegue lidar com questões financeiras complexas

Um em cada quatro estudantes não consegue tomar decisões simples sobre os seus gastos diários, e apenas 10% são capazes de analisar questões financeiras complexas, segundo um estudo da OCDE hoje divulgado.

O maior inquérito de avaliação do desempenho escolar a nível mundial, o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), da OCDE, divulgou hoje um estudo sobre a literacia financeira dos estudantes, tendo por base as respostas de 117 mil estudantes de 20 países, incluindo Portugal, que se encontra em linha com a média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

Segundo o relatório da OCDE, Estónia, Finlândia e Canadá estão entre os países com uma pontuação média mais alta, enquanto a Indonésia e a Geórgia apresentaram os piores resultados, com mais de metade dos seus estudantes abaixo do nível 2 de competência, numa escala de cinco níveis.

Em Portugal, cerca seis em cada dez estudantes posicionam-se entre os níveis 3 e 5 de competência, mas são menos de 10% aqueles que se posicionam no nível 5, o mais alto, em que os jovens já são capazes de tomar decisões financeiras em contextos complexos que só se tornarão relevantes no seu dia-a-dia no futuro.

Estes resultados foram hoje apresentados pela chefe da Divisão de Seguros, Pensões Privadas e Mercados Financeiros, Flore Anne Messy, numa videoconferência em que participaram também o secretário-geral adjunto da OCDE, Masamichi Kono, e Yuri Belfali, chefe da Divisão da Primeira Infância e Escolas.

O estudo avaliou o conhecimento e as competências dos adolescentes em relação a questões monetárias e relacionadas com finanças pessoais, abordando também questões mais práticas, como a forma como os jovens lidam com contas bancárias, a sua compreensão sobre empréstimos e taxas de juro e a capacidade de escolherem entre diferentes planos de tarifário.

Segundo os dados do PISA 2018, nos quais se baseia o relatório agora divulgado, mais de metade dos estudantes (54%) tem conta num banco, mas apenas um em cada três demonstrou ter capacidade para interpretar e avaliar um extrato bancário.

Por outro lado, a maioria dos jovens (73%) admitiu ter feito compras ‘online’ nos 12 meses anteriores à realização do estudo, um comportamento que está associado a um desempenho forte do ponto de vista da literacia financeira.

Outro comportamento que os autores associam a um bom desempenho tem a ver com a confiança em realizar pagamentos com cartão de débito, em vez de numerário, demonstrada por quase dois em cada três estudantes.

Segundo Yuri Belfali, os resultados registados em 2018 apontam para uma melhoria, em relação ao relatório de 2015, havendo agora um menor número de jovens no nível mais baixo de competência.

O secretário-geral adjunto da OCDE, Masamichi Kono, acrescenta que os dados mais recentes confirmam algumas tendências apontadas em estudos anteriores, nomeadamente a maior vulnerabilidade dos estudantes desfavorecidos, que demonstraram ter menos experiência, confiança e interesse em questões monetárias.

Para Yuri Belfali, a divulgação destes resultados ganha particular relevância no contexto atual da pandemia da covid-19, que terá implicações financeiras que também vão afetar os jovens.

“Temos de pensar sobre a importância da literacia financeira para os jovens à luz do atual cenário financeiro, mas também da recente crise provocada pela covid-19. Quando pensamos sobre o contexto atual, também existem implicações para o desenvolvimento da literacia financeira dos jovens”, afirmou a chefe da Divisão da Primeira Infância e Escolas durante a videoconferência.

No mesmo sentido, Masamichi Kono defendeu que o investimento na literacia financeira é essencial para fortalecer a resiliência financeira dos cidadãos e para os preparar para lidar com futuras crises.

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