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Portugueses e brasileiros aderem a Alojamento Local no Porto com contratos de 1 ano

Foto Artur Machado / Global Imagens
Foto Artur Machado / Global Imagens

Portugueses que querem voltar a morar na Baixa do Porto, imigrantes brasileiros, nómadas digitais ou divorciados em tempos de covid-19 são os novos clientes de alojamento local da cidade em regime ‘mid-term’, avançaram hoje fontes oficiais.

Para combater a crise instalada no turismo com a pandemia de covid-19, e ter dinheiro para pagar os salários dos trabalhadores, metade dos 50 apartamentos de alojamento local da Baixa do Porto que Luciana Guimarães está a gerir migraram para o regime de ‘mid-term’, ou seja, os clientes assinaram contratos de arrendamento local de médio prazo que podem ir até um ano.

Famílias portuguesas que querem morar na Baixa do Porto ou centro histórico da cidade em casas maiores e recuperadas, bem como os imigrantes brasileiros que já moravam em Portugal antes da pandemia de covid-9 são alguns dos novos inquilinos que estão a aderir em maior força ao novo modelo de negócio de ‘mid-term’ no alojamento local, avançou à Lusa Luciana Guimarães.

“Foi uma adaptação temporária(...). Só neste período que não vamos ter turismo, porque as perspetivas são muitos baixas e somos mais dependentes do mercado externo -- França, Espanha, Holanda, Reino Unido - explica a agente de turismo, referindo que a ideia é “para manter os postos de trabalho e a empresa sobreviver”, adaptando para contratos de alojamento para períodos maiores de seis meses a um ano”.

A intenção não é transformar os ‘mid-term’ em ‘long-term’ e partir para o arrendamento habitacional, mas, se a crise no turismo se mantiver, e se não houver perspetiva para o verão de 2021, tudo pode ser alterado, acrescenta ainda Luciana Guimarães.

Em entrevista telefónica à Lusa, o presidente da Associação do Alojamento Local em Portugal (ALEP), Eduardo Miranda, explicou que o alojamento local, um setor turístico que teve de fechar portas totalmente com o estado de emergência imposto em Portugal devido à covid-19, está a encontrar “estratégias alternativas” e “temporárias” para se manter ativo no negócio, indo captar outro segmento de clientes, a que dantes não dava tanta atenção, porque trabalhava com reservas de curta duração e era difícil aceitar estadias de média duração que podem ir até um ano.

“O que se está a ver, em parte, é que muitos alojamentos locais estão a tentar o ‘mid-term’, que é durante a fase da crise [da pandemia] tentar encontrar alguém que só precise de uma casa, um apartamento, durante três meses, seis meses, nove meses, até às vezes um ano”, e isso, pode acontecer dentro da lógica do próprio alojamento local”, onde, em vez de ter um cliente cinco dias, uma semana ou duas semanas, vai ter um cliente de um mês, três meses ou quatro”, adiantou Eduardo Miranda.

Segundo o presidente da ALEP, os novos clientes do alojamento local no Porto no contexto de pandemia são, por exemplo, pessoas que estão na cidade a realizar um estudo académico, “nómadas digitais que vêm trabalhar no Porto para uma empresa ou ‘start up’” ou “alguém que teve um divórcio na fase da quarentena e está a precisar de uma casa nova”.

Clientes que estão a mudar de casa, porque está em obras e precisa de um local temporário” ou “estrangeiros”, “pessoas que estão ligados a consulados ou projetos específicos” e “pessoas retidas no contexto da covid-19 e que aproveitaram para ficar mais dois ou três meses”, são outros exemplos do novo público alvo do AL em regime de ‘mid-term’, acrescenta Eduardo Miranda.

“É um mercado simpático, interessante e é a solução ideal para muitos proprietários de alojamento local, (...) que não implica uma saída definitiva do alojamento local”, refere, admitindo que também já há alguns a mudar de “rumo e ir para o ‘long-term’ (arrendamento habitacional), um fenómeno que se regista principalmente “nas zonas urbanas”, de Lisboa e alguma no Porto.

Neste momento, a maior parte das ofertas e anúncios nas imobiliárias e na plataforma airbnb é de ‘mid-term’, de três, seis meses, conta Eduardo Miranda, mas também começa a haver anúncios, numa escala menor, de ‘long-term’, em que as pessoas já estão a pensar em mudar de atividade.

Fonte oficial da imobiliária Idealista disse que, “analisando os novos anúncios inseridos, se observa que muitos dos novos imóveis estavam anteriormente anunciados como alojamento local”.

“A atividade turística, e consequentemente o alojamento local, está parado e os proprietários podem agora estar a equacionar colocar as casas no mercado de arrendamento tradicional. De qualquer forma, ainda é cedo para saber se estas casas irão permanecer no mercado de arrendamento residencial de longa duração, uma vez termine esta crise sanitária. Nesse momento, os proprietários irão analisar a situação e a força da indústria turística portuguesa para decidir se retornam as suas casas ao alojamento local”, acrescentou fonte da Idealista.

De acordo com os dados mais recentes dados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), quase 80% dos alojamentos turísticos em Portugal registaram cancelamentos de reservas agendadas para o período de março a agosto deste ano, a maioria devido à pandemia de covid-19.

Ainda de acordo com o INE, as dormidas em alojamento turístico terão recuado 58,5% e os hóspedes terão diminuído 49,4% em março face ao mês homólogo do ano passado.

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