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Vírus e caravelas

Já estava eu fazendo projetos de me deliciar com uns reconfortantes banhos de mar na Ponta Gorda, quando sou confrontado com outra ameaça, esta, vinda do mar: as “caravelas portuguesas”.

O dia estava lindo, a temperatura da água bastante convidativa, mas lá veio o aviso por parte do diligente Nadador/Salvador: -Cuidado, ali está uma, duas mais além...se quiser entrar a responsabilidade é sua!

E a piscina de mar, ou seja, “o poço” está utilizável? Ainda está pior...

E, claro, ninguém é louco de arriscar sair do mar queimado por um elemento dessa praga.

Daí resultou que perguntasse porque razão não as apanhavam com um vulgar saco de rede, um peneiro, e simplesmente davam cabo delas e do incómodo e perigo que representam para os utentes que pagaram as suas entradas e que mergulhem inadvertidamente no meio delas.

Para meu maior espanto e indignação foi-me dito que “IMPOSSÍVEL! PROIBÍDO! Não se pode tirar esses simpáticos bichinhos do seu meio ambiente, nem sequer retirá-los dali metê-los num balde com água e mais tarde deitá-los novamente ao mar”. Se aparecer por aí uma fiscalização podemos passar um mau bocado. E ali ficámos nós banhistas em seco, olhando aquelas bolhas lilases de ar e veneno, inconformados com a nossa mala-pata que nos livra do vírus e nos brinda com caravelas.

Penso que esta pérola decisória emanada certamente da Secretaria do Ambiente ou de qualquer outro organismo dela dependente, contradiz de forma gritante decisões como o abate indiscriminado e violento das cabras nas Desertas, a caça “controlada” do pombo torcaz e já agora e com ironia, a desratização que ora se faz intensamente por toda a Ilha; são todos bichinhos, todos têm direitos, o bicho homem nadante e mergulhante também deverá ser tido em conta nesta história e, não vejo que mal viria ao Mundo se, de forma controlada e apenas nas zonas ditas balneares se providenciasse a sua apanha e posterior destruição.

João Maurício Ribeiro

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