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Madeira

Morte de Valentina “deveria deixar-nos atentos às crianças que não têm famílias felizes”

“Temos de nos meter na vida alheia”, diz Isabel Stilwell

Não é um assunto “das famílias felizes” como caracterizou Isabel Stilwell, mas serve como chamada de atenção à história de Valentina, a menina de nove anos que morreu tragicamente, em Peniche, alegadamente pelas mãos do pai e madrasta.

Em pleno debate das ‘Conversas Connosco’, promovidas pelo DIÁRIO e Red Apple, a jornalista e escritora assumiu que esta morte “deveria deixar-nos ainda mais atentos às crianças que não têm famílias felizes e que às vezes são nossos vizinhos do lado” e onde até “estão mais próximos de nós do que possamos pensar”.

“Às vezes não é esperar tanto pelas situações limite - que felizmente são relativamente raras e trágicas - mas penso que não podemos deixar que o medo da contaminação, que o medo do vírus ou que o medo da doença nos impeça de prestar apoio às famílias que estão à nossa volta”, assumiu Isabel Stilwell.

Ainda segundo a palestrante, caso as crianças não façam parte de grupos de risco existe a possibilidade de estas puderem brincar nas casas uns dos outros “já que estamos em casa confinados”, isto é, “que não deixemos de ser solidários com outras famílias” e “não estejamos à espera que sejam sempre as comissões e os ministérios que venham resolver os problemas”.

“Sabemos que a violência dentro das famílias é muito grande e preferimos sempre achar que o perigo vem de fora, mas não vem. Nós sabemos que vem de dentro das famílias. Mas, em lugar de apontarmos dedos e ir para os tribunais gritar morte a este ou àquele, se calhar temos mesmo de nos meter na vida alheia. As CPCJ pediram muito que mais vale denunciar e não ser nada do que não denunciar. Temos um instinto de preservação no qual também não gostamos muito que se metam nas nossas vidas e, com isso, não queremos nos meter na dos outros, mas acho que todos nós temos capacidade de pensar dois minutos para percebermos quando é por cobardia nossa quando não nos metemos na vida alheia. Acho que temos de estar atentos”, acrescentou.

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