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Mundo reage com preocupação a decisão de Trump sobre OMS

Foto EPA
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O anúncio do Presidente Donald Trump, de que os EUA suspenderão a contribuição para a Organização Mundial de Saúde (OMS), está a provocar uma vaga de reações de preocupação e repúdio, vindas de todo o mundo.

Na terça-feira, Trump anunciou que os Estados Unidos suspenderão a contribuição anual para a OMS, de cerca de 300 milhões de euros, alegando que a organização de saúde das Nações Unidas estão a fazer uma má gestão da crise provocada pela pandemia da covid-19, protegendo a posição chinesa.

As reações da comunidade internacional não demoraram, vindas de todos os continentes, genericamente condenando a posição do Governo norte-americano, sobretudo por acontecer em plena pandemia, quando a concertação internacional na área da saúde é mais importante.

A OMS reagiu dizendo que “lamenta” a decisão de Trump e diz que estudará o seu impacto na organização, procurando maneiras de a compensar.

O diretor-geral da agência da ONU, Tedros Ghebreyesus, disse ainda que o comportamento da OMS será analisado pelos Estados-membros e pelos órgãos independentes, no momento oportuno.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que “esta não é a hora de cortar fundos para as operações da OMS ou de qualquer outra agência humanitária”, quando o objetivo é lutar contra o novo coronavírus.

A China, que Trump acusa de ter sido beneficiada pela estratégia da ONU, também reagiu “com profunda preocupação” perante a decisão da Casa Branca, dizendo que ela “enfraquece a capacidade da OMS e mina a cooperação internacional contra a pandemia”.

Um porta-voz da diplomacia chinesa, Zhao Lijian, pediu aos Estados Unidos para “assumirem as suas responsabilidades e obrigações e para apoiarem ações internacionais contra a pandemia”.

Na União Europeia, o responsável pelas relações exteriores, Josep Borrell, lamentou “profundamente” a decisão dos EUA, dizendo que os esforços da OMS “são mais necessários do que nunca para ajudar a conter e a reduzir a pandemia” e apelando à união internacional.

De dentro da União Europeia, Portugal também reagiu hoje ao anúncio de Trump, dizendo que a luta contra o novo coronavírus exige que a OMS seja apoiada e não enfraquecida.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros português emitiu hoje um comunicado em que dizia que “a luta contra a pandemia exige o trabalho de todos e o reforço das organizações multilaterais”.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Heiko Maas, também disse que “um dos melhores investimentos é fortalecer as Nações Unidas, em particular a OMS, que está subfinanciada”, numa posição secundada pela França, onde um porta-voz do Governo apelou a um “regresso rápido à normalidade”, para que a organização de saúde das Nações Unidas possa continuar o seu trabalho.

O Reino Unido disse que não tem “planos para deixar de financiar a OMS”, dizendo que a organização desempenha um papel importante “na resposta global à crise”, sendo por isso fundamental que os países trabalhem juntos.

A Rússia foi mais contundente nas críticas à decisão de Trump e apelidou-a de “egoísta” e “muito alarmante”.

Com termos de preocupação, Bill Gates, empresário e um dos principais doadores privados da OMS, através da sua fundação, considerou a decisão de Donald Trump “perigosa (...) durante uma crise global de saúde”, dizendo que se o trabalho da organização das Nações Unidas ficar constrangido, não haverá opções.

Para o presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, a decisão americana é “profundamente lamentável” e o ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Mohammad Javad Zari, disse que a posição de Trump “mata pessoas”, considerando que se trata de um “ato vergonhoso”.

A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou quase 127 mil mortos e infetou mais de dois milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 428 mil doentes foram considerados curados.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa quatro mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.

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