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Madeira

João Baptista recomenda contenção e análise da questão sísmica na Madeira

“É preciso saber interpretar bem estes sinais e ver se há uma relação causa-efeito ou não”, defendeu

João Baptista vai procurar reunir mais informações nos próximos dias.   Foto Arquivo
João Baptista vai procurar reunir mais informações nos próximos dias. Foto Arquivo

É preciso ter alguma contenção e acima de tudo reunir muita informação sobre o sismo e a actividade sísmica nos próximos dias, defendeu o engenheiro geólogo João Baptista. A partir desta informação, trabalhar os dados, analisar e tirar conclusões. “Nós sabemos que a nossa actividade vulcânica está adormecida, não está extinta, ao contrário do que se possa dizer, e é preciso saber interpretar bem estes sinais e ver se há uma relação causa-efeito ou não”, defendeu. “Mas posso dizer que não é excepção este tipo de sismos”.

Na opinião do investigador da Unidade de Investigação GeoBioTec é importante avaliar a actividade sísmica na Região, ver com que frequência ocorrem, como estão distribuídos os epicentros e “repensar um pouco” o que se está a passar. Ver se há uma zona com maior probabilidade de ocorrência, pois até agora têm sido um pouco dispersos. O sismo de ontem à noite, de 5.1 de magnitude, foi registado na costa Sul, mas tem havido outros ao largo do Porto Santo e na costa Norte da Madeira. Recorda também que os sismos na Madeira não são situações novas e que em 1848 houve um que afectou fortemente muitos edifícios históricos da baixa do Funchal, nomeadamente a torre da Sé.

No seu entender é importante contextualizar a parte sísmica com a parte estrutural. Na Região, as ilhas estão numa configuração tripla. O Porto Santo está alinhado na direcção Nordeste-Sudoeste; as Desertas na direcção Nor-Noroeste-Su-Sudoeste; e a Madeira alinhada no sentido Este-Oeste. “Apesar de o edifício vulcânico do Porto Santo estar num monte submarino e o Madeira Desertas estar noutro, a gente diz que é uma configuração radiada tripla. E era interessante interpretar o que é que se está a passar, se essa configuração ligada ao antigo rifte que deu origem à Madeira-Desertas, se há alguma actividade em profundidade – tem que haver – para haver estas manifestações e estas dissipações de energia à superfície.”

João Baptista diz que antes havia a ideia de que os sismos na Madeira eram sempre reflexos dos abalos sísmicos da falha Açores-Gibraltar. Com estes novas ocorrências, importa repensar esta questão.

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