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Saúde: a paz não tem preço ?

A saúde regional vive crise ao que parece de difícil solução. Um juízo absolutamente errado levou a um bloqueio que só o suicídio assistido do principal personagem parece ser escape.

Para o PSD esta é uma situação nova e inaceitável: o seu parceiro no governo não tem habilidade política para nomear figura tão sensível como a do director clínico do SESARAM.

É o segundo “assalto”, teimoso, indevido e desproporcionado, do CDS por um cargo relevante. Ultrapassa os limites da decência política. É pura chantagem. Falamos de um quadro técnico, não político.

A responsabilidade máxima pela formação e funcionamento do governo é, inequivocamente, do seu presidente. A liderança da área da saúde no governo é do Secretário Regional, no caso, Pedro Ramos. A proposta de nomeação do director clínico é da administração do SESARAM. Não lembra a ninguém encarregar entidade terceira dessa nomeação. O director clínico é uma chefia técnica, não política, e tem de ser da responsabilidade e confiança do SESARAM e do Secretário Regional. Não do CDS. Ou até do PSD. Escolhido com bom senso entre todos, que é tudo o que não houve neste caso lamentável e que é da única responsabilidade do CDS.

E prejudica a imagem do governo e da coligação.

Estou certo que muitos estarão a ficar arrependidos de não ter garantido ao PSD a maioria absoluta. Isto de coligação não parece ser recomendável. O parceiro CDS tem mostrado inclinação prioritária pela ocupação de cargos pelos seus mais destacados dirigentes. É uma marca que já ninguém lhe tira.

E não discuto a competência profissional do dr. Mário Pereira, enquanto ortopedista. Agora, o seu enquadramento político como director clínico é absolutamente impossível. E, exclusivamente, por culpa própria.

Resumindo de forma simples, por tudo o que criticou e opôs à política de saúde conduzida por Pedro Ramos, sempre abonada, e bem, por Albuquerque. Não é possível conciliar Pedro Ramos com Mário Pereira. Não podem trabalhar juntos porque nem Mário Pereira vai executar a orientação de Pedro Ramos e do SESARAM nem o Secretário Regional acreditará, um momento que seja, nessa possibilidade. Pedro Ramos e Mário Pereira são incompatíveis e não há volta a dar. Se não for assim é porque um deles cedeu ao outro de forma inacreditável. Acresce ainda que Rafaela Fernandes é pessoa de carácter sólido e inflexível. É trio explosivo que tem de ser evitado.

Tudo isto é muito desconfortável e desaconselha a manter a nomeação, acrescendo a oposição dos médicos e directores de serviço que, no fundo, eram o destino das críticas contundentes de Mário Pereira, enquanto deputado, à política de saúde regional.

Ou seja, Mário Pereira quer uma coisa impossível: ser bem aceite entre todos os que criticou e com quem se incompatibilizou. Tudo isto é de um ridículo confrangedor.

Ao contrário do dr. Mário Pereira, os médicos não fazem política. Defendem-se de nova e eventual prepotência como a de que foram vítimas, tem uns dez anos, pela qual foram decapitados serviços e ceifadas carreiras, com comunicação ignóbil pelo seu responsável.

Para os médicos, em particular os directores de serviço, e ao contrário do que dizem, o defeito de Mário Pereira não é não ter experiência como dirigente hospitalar. Não é pelo que não fez que o querem evitar. É exactamente pelo oposto, isto é, pelo que fez e pelo que disse. Em cargos de responsabilidade política. E a vida está cheia de casos de sucesso apesar do desempenho de funções sem experiência anterior. Este até poderia ser um desses casos. Mas não vai ser por falta de correcta previsão do desfecho.

E a culpa é só, e apenas, do CDS ! Sofre a coligação e sofre o PSD.

Excluindo Filomena Gonçalves e Mário Pereira terá o CDS alguém mais com estatuto mínimo para o cargo ? Não deve ter, o que entope ainda mais a saída.

As coligações têm destas dificuldades. A nossa experiência nesta governação a dois é curta. Estamos em aprendizagem, mas não temos o tempo todo que queremos. O povo avalia mais depressa do que gostaríamos e, depois de uma opinião formada, é difícil removê-la.

Até António Costa se fartou da sua coligação, conhecida por geringonça. Mais vale só que mal acompanhado. E ninguém o derruba.

A nomeação de pessoas não deve ser o principal da política. O que se pode introduzir na governação a bem da qualidade de vida, em especial dos mais carentes, é a habilidade política que se pretende.

O CDS tem de justificar a sua mais valia para a coligação nos conteúdos políticos que pode introduzir nas áreas que lhe foram confiadas: economia e mar. Depois de mostrar acerto no que lhe foi confiado, poderá então tomar crescente participação nas mais diversas áreas da governação. Agora, esbanjar todo o seu crédito político, que não era muito pelo seu resultado eleitoral, em nomeações polémicas de pessoas que não são aceites, não parece de bom senso.

Querer nomear um director hostil à orientação global dada à nossa saúde é igualzinho ao episódio de meter um elefante numa loja de loiça. E este parece ser mais irrequieto que os libertos nas savanas africanas.

Miguel Albuquerque revela-se um bom líder para o PSD. Venceu quatro eleições consecutivas num quadro político pessimista, mantém o PSD na chefia do governo regional e tem ultrapassado as principais dificuldades. Tem agora de aguentar, com a paciência que parece ter em dose suficiente, com os tropeções do por si ressuscitado CDS. Para que as feridas na coligação não contaminem toda a situação política.

Só há uma saída para esta “crise”: delegar em Pedro Ramos, com a intervenção do SESARAM, a escolha do novo director clínico. Começar de novo. Enquanto isso ainda é aceite !

Afinal, na saúde, não urge apenas um novo hospital. Há um quadro humano e profissional a que tem de ser dada especial atenção.

A TAP é do Antonoaldo ?

Apesar dos cinquenta milhões de euros de subsídios do Estado, a TAP deu mais de cem milhões de euros de prejuízo em 2019. Depois de outros tantos cem milhões em 2018. Estava orçamentado dar lucro nesses dois anos. Mas como o Estado é sócio em cinquenta por cento, e o governo socialista, parece coisa de somenos para procurar responsabilidades e afastar os predadores.

Marques Mendes, nos seus comentários de domingo, qualificou o Antonoaldo da TAP de pirómano e míssil descontrolado. O dito brasuca afirmou ser o aeroporto de Lisboa o pior do mundo e que a TAP nunca operaria no futuro aeroporto do Montijo. Ele é que manda.

Apesar dos prejuízos, e das críticas e oposição do Ministro dos transportes, seu maior acionista, a TAP mantém o propósito de pagar prémios a alguns dirigentes da empresa.

A pergunta é: ninguém vai investigar os prejuízos da responsabilidade do senhor Antonoaldo ? Não é caso de polícia ?

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