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ONU satisfeita com cessar-fogo no Iémen pede implementação imediata

Foto EPA
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O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, congratulou-se com o cessar-fogo declarado no Iémen na quarta-feira e pediu a implementação imediata da iniciativa que ajudará o país no progresso em direção à paz e a combater a covid-19.

“Apelo agora ao Governo iemenita e [ao grupo armado] Ansar Allah (Huthis) para que implementem o seu compromisso com a cessação imediata das hostilidades”, realçou António Guterres em comunicado à imprensa, citado pela agência Efe.

O responsável da ONU apelou ainda às autoridades iemenitas e aos rebeldes Huthis para que dialoguem de boa-fé e sem impor pré-condições.

“Somente através do diálogo as partes poderão chegar a acordo sobre um mecanismo para sustentar um cessar-fogo a nível nacional, a medidas humanitárias e económicas que aumentem a confiança e aliviem o sofrimento do povo iemenita, e a retoma do processo político para alcançar um acordo abrangente para acabar com o conflito”, acrescentou António Guterres.

A Arábia Saudita anunciou na quarta-feira que observará um cessar-fogo no Iémen a partir de hoje, em resposta aos pedidos das Nações Unidas para o fim das hostilidades numa altura em que o mundo enfrenta a pandemia da covid-19.

Segundo a agência Associated Press, as fontes oficiais sauditas, que pediram anonimato, indicaram que o cessar-fogo será respeitado ao longo das próximas duas semanas, período em que as forças da coligação militar apoiada pela Arábia Saudita vão ajudar nos esforços para trazer as partes em conflito à mesa de negociações.

Até agora, os rebeldes xiitas não comentaram a decisão de Riad.

Em 23 de maço, o secretário-geral da ONU, António Guterres, lançou um apelo a um cessar-fogo imediato em todos os conflitos do mundo, com o objetivo de combater a pandemia do novo coronavírus.

O país árabe mais pobre do mundo é assolado por uma guerra civil desde 2014, quando os Huthis, apoiados pelo Irão, tomaram o controlo do norte do país, que incluía a capital, Sanaa. Uma coligação militar liderada pela Arábia Saudita acabou por intervir no conflito no ano seguinte.

Apesar de frequentes ataques aéreos da coligação e de um cerco internacional ao Iémen, a guerra encontra-se num impasse.

O conflito já provocou a morte de mais de 10.000 pessoas e gerou a pior crise humanitária do mundo, deixando milhões à margem da alimentação e de cuidados médicos.

“Anunciamos um cessar-fogo a partir de quinta-feira [hoje] e que se estenderá por duas semanas. Esperamos que os rebeldes Huthis aceitem. Estamos a preparar o terreno para lutar contra a pandemia da covid-19” no Iémen, indicou um responsável saudita, citado pela agência France-Presse.

“Esperamos que, com os esforços das Nações Unidas e dos membros do Conselho de Segurança, se possa pôr pressão sobre os Huthis para que também parem com as hostilidades e para que sejam sérios [em eventuais negociações de paz] com o Governo iemenita”, acrescentou.

Nos últimos 10 dias, o Iémen, sobretudo nas províncias de Marib, Jawf e Bayda (norte), tem registado fortes confrontos militares entre as forças pró-governamentais e os rebeldes xiitas, que causaram mais de 270 mortos, número reconhecido já pelas duas partes.

Segundo fontes militares sauditas, a coligação de Riad, apoiada pelos Estados Unidos, que defende o Governo do Presidente Abed Rabou Mansour Hadi, levou a cabo nas últimas duas semanas cerca de 370 ataques aéreos contra posições dos Huthis, tendo-se registado também cerca de 300 feridos nos dois contendores.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,4 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 82 mil.

Dos casos de infeção, cerca de 260 mil são considerados curados.

Depois de surgir na China, em dezembro de 2019, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde a declarar uma situação de pandemia.

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