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Fretilin analisa situação política timorense em conferência nacional

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A Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) reúne no sábado a sua conferência nacional para analisar a situação política no país e discutir uma eventual alternativa de Governo, disse hoje à Lusa o secretário-geral do partido.

“Uma das coisas que esta conferência vai decidir é mandatar a liderança da Fretilin para encontrar plataformas de entendimento para uma alternativa”, disse à Lusa Mari Alkatiri.

Em entrevista de antecipação do encontro, Mari Alkatiri diz que a Fretilin, maior partido no parlamento, está disponível para apoiar uma alternativa, caso a nova coligação de maioria parlamentar não consiga formar Governo.

“Tem que haver alternativa. Tem que haver alternativa se esta não passar”, explica, referindo-se à nova coligação, liderada pelo CNRT de Xanana Gusmão e que integra seis partidos e 34 dos 65 deputados do parlamento.

“Ainda por cima com esta questão do coronavírus, criar um vazio do poder executivo é o pior que se podia esperar”, sustenta.

Em jeito de crítica à rapidez com que os seis partidos da nova coligação organizaram, no passado fim de semana as suas conferências nacionais, Alkatiri diz que a Fretilin demorou mais tempo a preparar.

“Eu não consigo transformar um convite para o jantar em conferência nacional. Teremos cerca de 300 pessoas de todos os municípios e de Oecusse, desde o nível de aldeia ao distrital”, referiu.

Todos os partidos foram convidados a participar à exceção do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), de Xanana Gusmão, segunda força no parlamento e o único com quem a Fretilin recusa trabalhar.

“A Fretilin está disposta a conversar com todos menos o CNRT de Xanana, agora nesta faz, porque não quero ser cúmplice de um golpe”, afirmou.

E questionado pela Lusa confirma o distanciamento de Xanana Gusmão com quem há apenas três anos tinha uma forte aliança.

“Foi ele que deixou de falar”, diz, explicando que os dois não falam, “nem ao telefone” e que até evitam cruzar-se, desde setembro de 2017.

“Entre qualquer ser humano é importante haver clima de diálogo, mas diálogo tem de ter um objetivo claro. Se for só para ver quem chora mais não estou para isso”, comenta.

Alkatiri diz que o seu partido tem adotado uma “posição passiva” à espera “que os que provocaram a crise, consigam realmente reunir-se para a ultrapassar”.

“Mas pelos visto isso não acontece. E houve realmente uma atitude golpista por parte de Xanana Gusmão contra Taur Matan Ruak, e que se mantém a partir do momento em que se oferece para ser primeiro-ministro”, disse.

Recorde-se que o CNRT de Xanana Gusmão, o PLP do atual primeiro-ministro e o KHUNTO se apresentaram como coligação pré-eleitoral que venceu as eleições antecipadas com maioria absoluta.

Uma coligação que se rompeu depois dos deputados do CNRT, com votos contra a abstenções, terem permitido o chumbo do Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2020, adensando a crise que o país já vivia.

Agora e por isso, admite, a Fretilin aceita conversar com todos, mesmo os que optaram por se aliar na nova maioria com o CNRT.

“A Fretilin quer liderar uma governação completa, não uma governação de transição, mas poderia apoiar uma governação de alternativa que só seria possível com o apoio da Fretilin”, disse.

Seja qual for a solução para o atual impasse política, Alkatiri insiste que é importante que seja rápida, e antecipa mesmo que “a próxima semana vai ser determinante”, com o Presidente ainda por se pronunciar sobre a demissão apresentada pelo primeiro-ministro ou sobre a nova coligação que até já indigitou Xanana Gusmão para chefiar um eventual novo Governo.

“Estamos no impasse que continua sem fim à vista, nunca mais aparece a luz no fundo do túnel”, disse Alkatiri.

“A situação é grava em termos económicos e de gestão financeira, torna-se mais grave com emergência do novo coronavírus e, por isso mesmo, temos que encontrar uma solução rápida”, afirmou.

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