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Pais já esperavam resultados dos rankings e pedem mais atenção na saúde emocional

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A confederação de pais considera que os resultados dos 'rankings' dos exames eram os esperados, ressalvando que estes dados só se referem às provas e que é preciso dar mais atenção à saúde emocional da comunidade educativa.

Em declarações à Lusa a propósito dos resultados das médias dos exames de 2022 hoje conhecidos, a presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP), Mariana Carvalho, disse que estes traduzem uma realidade que "já não é nova" e que os 'rankings' "não significam que se estejam a preparar melhores alunos".

"Significa que estamos a preparar os melhores alunos para os exames, não significa que estejam a preparar os alunos para a vida, para o dia a dia e para terem mais e melhores conhecimentos e aprendizagens", acrescentou.

Ressalvando que a CONFAP ainda não analisou "em profundidade" todos os dados hoje divulgados, considerou que os 'rankings' dos exames "têm o seu valor" e podem contribuir para melhorar o ensino.

"São realmente resultados de avaliações, portanto, têm o seu valor. Ainda assim, aquilo que a CONFAP também tem defendido é que podem servir para a melhoria contínua, até porque os contextos [dos alunos e das escolas] são completamente diferentes", afirmou.

De facto, sublinhou, "cada vez mais a escola privada se vê evidenciada nestes 'rankings' em detrimento da escola pública".

Segundo os dados analisados pela agência Lusa, as escolas públicas desceram no 'ranking' das melhores médias nos exames e a primeira aparece em 39.º lugar, uma descida de oito lugares, já que em 2021 a escola pública com melhor média estava na 31.ª posição.

Questionada sobre se estes resultados refletem o impacto da pandemia, Mariana Carvalho respondeu: "Vivemos três anos letivos em pandemia, tivemos, entretanto, uma guerra e um aumento da inflação, em que os custos de vida aumentaram para todas as famílias, além da questão da instabilidade no último ano letivo, especialmente a partir de dezembro".

"Portanto, nós não vamos conseguir distinguir quais foram os efeitos, ou melhor, o que é que provocou o quê, quais foram as causas que levaram a estes efeitos, ou que levarão aos efeitos futuros, porque ainda não conseguimos, a médio/curto prazo, perceber o verdadeiro impacto nas aprendizagens dos nossos alunos", acrescentou.

"O que sabemos é que podemos aproveitar todos estes dados para potenciar as ações que podemos ter para que, de facto, a escola seja o elevador social que deve ser", sublinhou.

Sobre os planos de recuperação de aprendizagens, disse que a perceção dos pais é que "não conseguem ver a recuperação de aprendizagens não havendo aumento do número de horas de aulas e uma diminuição do currículo".

"Não pretendemos que os nossos alunos passem mais tempo dentro de uma sala de aula (...), estou a falar da perceção dos pais e essa é a de que não há uma grande recuperação de aprendizagens", sublinhou a responsável, insistindo que "depende muito da escola, do professor e do aluno", pois os planos não foram aplicados de igual forma em todas as escolas.

Mariana Carvalho pede ainda que se olhe para a saúde emocional de toda a comunidade educativa, "com enfoque especial nos alunos e nos professores", falando de um "desgaste imenso" ao longo dos últimos anos.

"Não queremos um 'ranking' de felicidade nas escolas, mas queríamos que todas as escolas tivessem, de facto, mais Felicidade. Isso sim é uma métrica que traz um valor incalculável", concluiu.