Maria Eugénia Canavial
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Maria Eugénia de Canavial - Rua da Carreira

Filantropa e empreendedora, figura marcante da Diocese do Funchal

Filha dos Condes de Canavial, Maria Eugénia nasceu na freguesia de São Pedro a 17 de setembro de 1863. Dedicou-se à filantropia, tendo fundado ou ajudado a dirigir diversas associações e instituições como a Assistência a Crianças Fracas e Pobres, a Associação Católica da Obra Internacional de Proteção às Raparigas na Madeira e o pavilhão-jardim Sol.

Valentina Maria Eugénia da Câmara Leme Homem de Vasconcelos, conhecida como Maria Eugénia Canavial, nasceu no seio de uma ilustre família madeirense, sendo filha de João da Câmara Leme Homem de Vasconcelos, conde de Canavial, e de Maria Amélia da Fonseca da Câmara Leme. Maria Eugénia teve na figura do pai um exemplo de empenho em diversos campos, social, científico, industrial, político e da comunicação. Médico, professor, jornalista e escritor, o Conde de Canavial foi uma das figuras mais notáveis do século XIX na Madeira. Diretor da Escola Médico-Cirúrgica do Funchal, não limitou a sua atuação à área clínica, mas também promoveu a fundação da Companhia Fabril de Açúcar Madeirense, tendo introduzido diversos aperfeiçoamentos no fabrico da aguardente. Fundador do Partido Progressista na Madeira, em 1886 é nomeado Governador Civil do Distrito do Funchal. Foi também o impulsionador da Companhia Edificadora do Teatro Funchalense e fundador de diversos jornais, como A Liberdade, O Distrito do Funchal e A Luz.

Maria Eugénia aprendeu seguramente com o pai o dinamismo e o empreendedorismo que caracterizaram a sua vida, tornando-se uma personalidade incontornável da filantropia portuguesa. Pelo seu trabalho nesta área, foi agraciada com a comenda do Grande Oficialato da Ordem de Benemerência a 3 de setembro de 1937, como fundadora e presidente da “Obra de Assistência a Crianças Fracas” do Funchal, sob proposta do Ministro dos Negócios Estrangeiros, de 26 de março de 1935.

Foram muitas as obras fundadas e apoiadas por Maria Eugénia Canavial: a Assistência a Crianças Fracas e Pobres, a Assembleia Geral da Associação Católica da Obra Internacional de Proteção às Raparigas na Madeira e o pavilhão-jardim Sol. Presidiu e pertenceu, além disso, a diversas organizações e associações, como as Zeladoras do Apostolado da Oração do Centro Paroquial de S. Pedro, o Secretariado Feminino da Adoração do Coração de Jesus e a Liga dos Adoradores. Foi membro da Associação das Damas de Caridade, da Associação das Três Rosas do Escolhido, da Congregação das Filhas de Maria Imaculada e da Liga das Senhoras da Ação Católica. Depois da sua morte, em 1945, o Lactário, que tinha fundado em 1908, passou a chamar-se, em sua honra, Centro Infantil e Escola do 1.º Ciclo Maria Eugénia Canavial.

A “Assistência a Crianças Fracas”, ou Lactário, tinha sido pensado como um local de proteção para as crianças pobres no qual eram aleitadas e encontravam, desta forma, uma possibilidade de sobrevivência. Funcionava no edifício da Rua das Mercês, nº 25, pertença de Maria Eugénia do Canavial, e só mais tarde, quando Celina Sauvayre da Câmara deixa em testamento a sua casa na Rua da Mouraria passa para aí. Em 1925, Maria Eugénia cedeu três salas das instalações às Irmãs da Congregação da Apresentação de Maria e, em outubro de 1926, nasce o Colégio da Apresentação de Maria. A primeira comunidade de Irmãs, constituída pela Irmã Maria da Santíssima Trindade, acompanhada de outras três Irmãs, tinha vindo para a Madeira com a missão de se encarregar da obra fundada por Maria Eugénia, mas acaba por alargar o âmbito do Lactário ao da educação. 

Maria de Jesus, portuguesa, Maria de Jesus do Santíssimo Sacramento, francesa, e a Irmã do Divino Coração, inglesa, foram, assim, designadas para ministrar um pequeno curso de cultura geral destinado às “meninas de família” a fim de que estas recebessem educação e instrução condignas. À sua responsabilidade foram confiadas 15 alunas, dos 14 aos 18 anos, para estudarem Português, Francês, Trabalhos Manuais, Desenho e Religião. 

A ação de Maria Eugénia Canavial fez-se sentir de forma tão marcante que D. Maurílio Gouveia, madeirense e Arcebispo Emérito de Évora, na sua obra Cristãos Exemplares na Diocese do Funchal durante os séculos XIX e XX, de 2014, a considerou uma das dez figuras mais relevantes na vida diocesana.

Em Novembro de 2013, foi lançado no Centro Infantil Maria Eugénia Canavial, o livro da autoria de Fátima Teixeira Gomes sobre a vida e obra da famosa filantropa, Da Fé brotam as Obras - Vida e Obra de Maria Eugénia de Canavial (1863-1945)