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Os que não desistem

A experiência de voluntariado é tão mais enriquecedora, quanto mais nos distanciamos da nossa zona de conforto e somos confrontados com o desconforto dos outros.

Há muitos anos que venho defendendo a ideia de estimular o voluntariado no currículo informal das escolas, porque dá a possibilidade aos jovens desenvolverem a empatia e a solidariedade, tão determinantes na construção do seu caráter e da cidadania. Ninguém é tão pobre que não possa dar, nem tão rico que não possa receber. Há alguma perversidade em considerar que, quem é pobre ou quem está em dificuldades, não pode ou não tem nada para dar. Ao dar-se aos outros experimentamos e exercemos o valor da generosidade que tantos benefícios traz.

Ao participar de uma experiência de voluntariado durante o período de estado de emergência e de calamidade, pude constatar o que do melhor o ser humano é capaz.

Emocionou-me a entrega e a dedicação que aquelas pessoas, muitas delas com futuros incertos, demonstravam na realização das tarefas e no cumprimento do serviço distribuído.

Emocionou-me conhecer as histórias que os próprios voluntários trazem consigo; realidades que me pareciam algo distantes, mas que nos interpelam e não nos deixam indiferentes; vidas também difíceis, porém acompanhadas pela dignidade e humildade de quem não se recusa ao trabalho.

Emocionou-me saber que não se desiste, nem se perde a esperança quando somos apanhados numa avalanche de incertezas; vamos à luta.

Emocionou-me a alegria das pessoas envolvidas, pois tinham consciência da sua importância e da razão da sua ação. Ao ajudar estavam a ter o retorno da sua própria dádiva. Ao ajudar estavam a dar e a receber amor.

Emocionou-me a colaboração e generosidade de dezenas de pessoas e empresas que permitiram a concretização de um projeto solidário e a manifestação de gratidão para com os voluntários, através de ofertas simbólicas.

A todos os voluntários e instituições de cariz social, assim como a todos os que contribuíram, manifesto a mais profunda admiração e gratidão por não terem baixado os braços e ficado acomodados. Obrigada aos que não desistem.

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