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Técnicos de diagnóstico concentrados junto ao parlamento pedem intervenção dos partidos

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Cerca de 3.000 técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica estão concentrados em frente à Assembleia da República, para pedir aos partidos políticos que façam alterações ao diploma sobre a regulamentação da carreira destes profissionais.

Ao som de apitos e buzinas, os trabalhadores pedem justiça e gritam palavras de ordem como “nem menos, nem mais, direitos iguais!”.

Ao protesto dos técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica juntaram-se os líderes sindicais da CGTP, Arménio Carlos, e da UGT, Carlos Silva, a dirigente do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, e a deputada do PCP Carla Cruz.

Os sindicatos aguardavam para ser recebidos na Assembleia da República para apresentar um documento em que manifestam a preocupação dos trabalhadores e para que seja apreciado o diploma já aprovado pelo Governo.

O presidente do Sindicato Nacional dos Técnicos Superiores de Diagnóstico e Terapêutica, Luís Dupont, disse à Lusa que o documento que vão entregar é “um apelo à Assembleia da República e aos partidos para votarem alterações ao diploma que já foi aprovado” e promulgado pelo Presidente da República.

Em declarações aos jornalistas, Catarina Martins afirmou que estes profissionais “têm finalmente uma carreira, mas na transição para a nova carreira o Governo decidiu publicar um decreto-lei não negociado com os sindicatos, que tem dois erros muito graves”.

Um dos erros é que não reconhece o tempo de serviço que os profissionais têm e o outro é não reconhecer as responsabilidades e as categorias já existentes, disse Catarina Martins, considerando esta situação “um desrespeito pela carreira” dos técnicos.

A coordenadora do Bloco de Esquerda adiantou que o partido já pediu a apreciação parlamentar do decreto-lei para que o parlamento “faça o que o Governo não fez, ou seja garantir a contagem do tempo de serviço e garantir o reposicionamento na categoria respetiva dos técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica”.

O secretário-geral da UGT destacou a serenidade do protesto, afirmou que “o Governo, perante mais esta demonstração de inconformismo de um grupo de trabalhadores” de um setor fundamental da saúde tem que dar as respostas que as pessoas procuram e disse esperar que os partidos assumam a sua responsabilidade para que o diploma possa ser alterado.

Carla Cruz disse que “o PCP irá chamar o decreto-lei à Assembleia da República para intervir no sentido de corrigir os aspetos que são mais nefastos no diploma, permitindo assim o reconhecimento e a valorização dos técnicos, que são fundamentais para a prestação de cuidados de qualidade no serviço nacional de saúde”.

Arménio Carlos considerou “inadmissível que tantas vezes se fale na importância das qualificações para a melhoria dos serviços públicos e depois isso não seja correspondido do ponto de vista do reconhecimento, quer no plano salarial quer no plano da evolução das carreiras”.

“Não se justifica que um trabalhador com elevada experiência ganhe a mesma coisa do que quem é contratado amanhã, isso contraria tudo o que até agora defendeu, que é a necessidade de reconhecer as competências, as qualificações e acima de tudo definir uma carreira profissional”, que deve ser consagrada numa reconversão da proposta até agora apresentada e encontrar outra solução de acordo com as reivindicações dos trabalhadores, disse o secretário-geral da CGTP.

Entre os manifestantes, Helena Fonseca, cardiopneumologista, lamentou que o Governo não reconheça as funções e a categoria dos técnicos de diagnóstico e terapêutica.

“Tenho 16 anos de serviço que requereram grande formação profissional, sou bastante qualificada e habilitada naquilo que faço, reconhecida pela minha equipa e lamentavelmente só este Governo não reconhece as nossas funções”, disse Helena Fonseca, que trabalha no Centro Hospitalar de Lisboa Central.

O protesto dos profissionais começou ao início da tarde com uma concentração em frente do Palácio de Belém, residência oficial do Presidente da República.

Os técnicos protestam contra publicação de um decreto lei que regulamenta a carreira e exigem a alteração do diploma, nomeadamente em questões como as transições, o tempo de serviço ou descongelamento de promoções.

Os técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica são um grupo profissional que abrange 18 profissões de saúde, como analistas clínicos, técnicos de radiologia ou fisioterapia.