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Retalho captou metade do investimento imobiliário comercial entre 2003 e 2017

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A indústria do retalho captou 6,7 mil milhões de euros entre 2003 e 2017, metade do total do investimento imobiliário comercial em Portugal, segundo um relatório da consultora Cushman & Wakefield divulgado hoje.

De acordo com o documento “Portugal Retalho”, o retalho contou maioritariamente com operadores internacionais (4,9 mil milhões de euros), que representam 59% do total.

Mais de metade do investimento (4,3 mil milhões) foi alocado a centros comerciais, lê-se no documento, que assinala que a maioria do investimento foi realizado por fundos de investimento imobiliário, “predominando, além do investimento nacional, investidores de origem americana, britânica, alemã e holandesa”.

Desde 2003 que seis investidores foram responsáveis por um terço do volume de investimento. Na lista estão Blackstone (EUA), Rockspring (Reino Unido), Immochan (França), Sonae Sierra (Portugal), Axa Real Estate (França) e RREEF (Alemanha).

No período em análise, foram concluídos mais de 240 negócios de investimento em retalho, num valor médio de 27 milhões de euros, segundo o documento.

Com base em dados de procura entre 2015 e 2017, a Cushman & Wakefield registou também 1.600 espaços de retalho transacionados, sobretudo em Lisboa (48%) e no Porto (19%).

“Mais de metade das operações ocorreram em centros comerciais (53%), seguidas do comércio de rua (40%).

O relatório surge num contexto em que os consumidores deixaram de preferir os centros comerciais, a lei do arrendamento urbano de 2012 originou uma “dinâmica crescente do comércio de rua” e há recurso a plataformas ‘online’.

Em 2017, foi registada uma contração no consumo de restauração, artigos do lar, enquanto moda e setores alimentares “passaram a captar uma maior proporção do rendimento das famílias”, segundo o relatório, que justifica a procura de espaços para restauração pelo “forte crescimento do fluxo de turismo”.

Já o aumento de gastos com moda entre 2007 e 2017 surpreendeu, por sofrer tradicionalmente cortes em altura de crise. Na base do crescimento poderá, assim, estar “a força dos operadores” e a “maior oferta” de cadeias de baixo custo.

Na análise às vendas ‘online’, no ano passado foi registada uma subida em Portugal de 12,5% para os 4,73 mil milhões e um peso no Produto Interno Bruto de 2% (quando na Europa é de 4,9%).

Os dados mostram que Portugal contabiliza 119 centros comerciais, com 3,1 milhões de metros quadrados de área bruta locável (ABL), “resultando numa ABL/1.000 habitantes de 281 metros quadrados”, enquanto a média europeia é de 240 metros quadrados.

O índice de volume de vendas atingiu 9,8% no 3.º trimestre de 2017 e a afluência de visitantes os 3,6%.

Por seu lado, os seis espaços de ‘outlet’ existentes totalizam 211.300 metros quadrados de ABL e “atualmente registam uma boa performance em Portugal, comprovada pelos investimentos em expansão e/ou renovação”.

A concentração destes espaços acontece na periferia das cidades e têm registado “níveis interessantes” de procura de turistas, nomeadamente nas marcas de luxo.

Os ‘retail parks’ constituem um segmento menor na comparação com outros países da Europa, ao registarem em Portugal 12% da ABL dos espaços comerciais (472 mil metros quadrados).

Estes espaços concentram-se também no litoral e, em especial, nas áreas metropolitanas de Lisboa (22%) e do Porto (14%).

Quanto a tendências, o relatório enumera que a consciência ambiental poderá fazer escolher produtos orgânicos e o comércio de conveniência “manterá um peso relevante nas opções de deslocação dos consumidores”.

Outra tendência é a experiência individualizada, quer ‘online’, quer numa loja física, com “especial enfoque na experiência”, assim como a diferenciação na restauração, a integração de lazer nos espaços de retalho e a reabilitação dos espaços.