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Relatório aponta apoio de grupos portugueses a redes criminosas transnacionais

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O Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) de 2018 considera preocupante a existência de estruturas criminosas nacionais que prestam “apoio logístico especializado” a redes criminosas transnacionais, alertando para uma actuação “cada vez mais sofisticada e dissimulada”.

O documento, hoje entregue na Assembleia da República, alerta também para utilização de Portugal por algumas organizações criminosas estrangeiras “como base de recuo” para elementos que são perseguidos pelas autoridades de outros países europeus e que acabam, alguns deles, por se estabelecerem “em definitivo” no país e a desenvolver “novas parcerias criminosas”.

“No que concerne ao crime organizado transnacional, o país continuou a fazer parte da geoestratégia de vários grupos criminosos, atendendo à pertença ao espaço europeu e à forte ligação atlântica, uma mais-valia para alguns mercados criminais, nomeadamente o tráfico de cocaína”, precisa o RASI.

Segundo o mesmo relatório, o tráfico de droga continuou em 2018 a ser actividade criminosa que atrai “mais grupos organizados transnacionais” a Portugal, seja de “forma permanente ou casuística”, destacando-se os grupos do Norte de África que operam no mercado de haxixe e que, além da ligação directa aos produtores, mantêm uma relação simbiótica com outros grupos sedeados em Espanha.

O documento dá também conta dos grupos sul-americanos que se aproveitam das infra estruturaras portuárias portuguesas para a introdução de cocaína em território europeu, usando os aeroportos quando se trata de quantidades menores.

Estas estruturas possuem contactos directos com grupos criminosos de diversas origens, em especial europeus, que continuam a dominar o tráfico para a maioria dos mercados europeus, refere, sublinhando que se registou “um interesse renovado de algumas estruturas criminosas do Leste europeu, em mercados criminais que tinham abandonado, como a imigração ilegal e o tráfico de seres humanos, no sentido leste-ocidente”.

O RASI indica igualmente que, embora não sendo um destino de primeira linha para a fixação de grupo de criminalidade organizada transnacional, Portugal permaneceu como “um território de interesse para a persecução de diversas actividades criminais, bem como um ponto de acesso aos mercados europeus mais dinâmicos”.

No ano passado, os grupos violentos e organizados continuaram “a demonstrar capacidade de organização e coordenação internas” na prática de inúmeros, recorrendo reiteradamente ao uso da força”.

O RASI avança que a estrutura que melhor ilustrou esta ameaça foi os designados “biker 1%” que persistiram nas suas actividades criminais e que, “na defesa da hegemonia nacional, protagonizam um ataque violento a um grupo rival com um projecto consistente de implantação” no país.

“A operação desencadeada pela PJ, à escala nacional e internacional, decapitou a estrutura dirigente dos vários directórios nacionais colocando a organização numa posição de fragilidade que poderá vir a ser explorada por grupos rivais”, refere ainda o documento.