País

“Não podemos parar o país por haver três eleições”, diz António Costa

None

O primeiro-ministro viajou hoje entre a Ericeira e Setúbal utilizando os transportes públicos, no dia em que entra em vigor o passe único da Área Metropolitana de Lisboa, e salientou que “o país não pode parar por haver três eleições”.

António Costa começou a viagem às 07:30, na Ericeira, concelho de Mafra, e apanhou o autocarro com o presidente da Câmara, o social-democrata Hélder Silva, até ao Campo Grande, partindo depois de metro até à estação de Entrecampos.

Daí, já com os ministros do Ambiente e Infraestruturas, Matos Fernandes e Pedro Nuno Santos, e o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, a comitiva seguiu de comboio até Setúbal.

Questionado sobre as críticas de eleitoralismo feitas pela oposição em relação à medida, António Costa salientou que “esta foi uma semente lançada há muito tempo”, e que arrancou em março do ano passado numa cimeira entre o Governo e as Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto.

“Agora não faz sentido é parar o país porque vamos três eleições, porque senão o país não fazia mais nada este ano”, defendeu.

O primeiro-ministro salientou que, depois das complexas negociações com os 19 operadores, um segundo momento decisivo foi a aprovação, no último Orçamento do Estado, da verba necessária para concretizar esta medida.

“A oposição, na altura, votou contra, está no seu direito, não podem agora que perceberam que a medida é boa dizer que é eleitoralista”, criticou.

O primeiro-ministro fez questão de distinguir as críticas dos partidos do que tem ouvido dos autarcas.

“Dos autarcas não tenho ouvido muitas críticas, porque sabem que chega a todo o país”, afirmou, insistindo que a medida chegará a todas as Comunidades Intermunicipais, na maioria das quais em maio.

“Os autarcas sabem aquilo que os políticos nacionais não sabem: a medida é para todo o país e chega a todo o país”, reforçou.

Quanto ao passe único na Área Metropolitana de Lisboa, Costa classificou-o como “um trabalho notável feito entre os autarcas e o Governo”.

“Permitiu não só uma redução muito significativa do custo tarifário, mas também fazer uma coisa com que há décadas se sonhava: um único passe que dê para toda a Área Metropolitana e para todos os operadores, seja de autocarro, comboio, barco ou elétrico. Tem a vantagem absolutamente extraordinária de cada um ter a liberdade de escolher os seus trajectos”, defendeu.

Questionado se poderá haver problemas na oferta de transportes, com o aumento da procura, Costa admitiu “um período de ajustamento”, mas assegurou que esta será ajustada.

À entrada do comboio com destino a Setúbal, o autarca de Mafra foi questionado pelos jornalistas sobre quem tinha razão na polémica dos passes sociais -- se os presidentes de Câmara e o primeiro-ministro se o PSD, que tem criticado o eleitoralismo da medida e questionado a sua justiça territorial.

“Eu acho que quem tem razão é o povo, o povo pedia um passe único na Área Metropolitana de Lisboa, é isso que hoje se lhes vai ser dado”, respondeu Hélder Silva.

A meio do percurso, na estação do Pragal, entrou a presidente da Câmara de Almada, Inês Medeiros, enquanto o autarca comunista de Loures, Bernardino Soares, apenas se conseguiu juntar em Setúbal.

“Fui pela Calçada de Carriche, havia um acidente e perdi o comboio por dois minutos, eu como não tinha nem burro nem Ferrari...”, gracejou, lembrando uma célebre ‘corrida’ promovida por António Costa quando concorria a este município.

“Comprova-se que o metro está atrasado em Loures”, acrescentou Bernardino Soares.

A comitiva percorreu depois a pé o percurso entre a estação de comboios de Setúbal e a Câmara Municipal, onde haverá uma cerimónia alusiva à entrada em vigor dos novos passes na Área Metropolitana de Lisboa.

A partir de hoje o novo passe Navegante Metropolitano custa no máximo 40 euros mensais por utente e permite viajar em todos os operadores de transportes públicos na Área Metropolitana de Lisboa (AML).

São também criados 18 passes Navegante Municipal, um para cada dos 18 concelhos que integram a AML e, neste caso, permite apenas viajar no concelho para o qual foi adquirido por 30 euros.

As crianças até ao mês em que completam os 13 anos podem viajar gratuitamente em toda a AML com o cartão Lisboa Viva (no qual se carrega o passe) e são mantidos os atuais descontos para estudantes, reformados, pensionistas e carenciados, tendo como referência os novos preços.

Esta medida integra-se no Programa de Apoio à Redução do Tarifário dos Transportes Públicos (PART), que pretende incentivar o uso dos transportes colectivos nas grandes cidades, estabelece que as Áreas Metropolitanas de Lisboa (AML) e do Porto (AMP) e as 21 Comunidades Intermunicipais (CIM) recebam 104 milhões de euros do Fundo Ambiental, através do Orçamento do Estado, e comparticipem o programa com um total de 2,6 milhões. A verba estará disponível a partir de 01 de abril.