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Marisa Matias e Paulo Rangel concordam em combate à evasão fiscal e rejeitam exército europeu

Eurodeputados do BE e do PSD e candidatos a novo lugar no Parlamento Europeu tiveram debate conjunto

Fotos Estela Silva/Hugo Delgado/Lusa/Arquivo
Fotos Estela Silva/Hugo Delgado/Lusa/Arquivo

Os cabeças de lista do BE e do PSD às eleições europeias, Marisa Matias e Paulo Rangel, respetivamente, concordaram este domingo ser necessário um combate à evasão fiscal na União Europeia e recusaram um exército único europeu.

Durante um frente a frente entre os dois eurodeputados, que tentam manter o lugar no Parlamento Europeu, Marisa Matias defendeu que os cincos paraísos fiscais que subsistem na União Europeia (UE) “não deveriam existir”, porque “só servem para esconder dinheiro”.

“São 100 mil milhões de euros ao ano que fogem às contas públicas, ou seja, que não são tributados”, assinalou.

Quanto aos “casos de escândalos”, a candidata apontou que um deles não foi possível aos eurodeputados investigar, “porque tinha sido no país” do presidente da Comissão Europeia, o luxemburguês Jean-Claude Juncker.

“Tentámos constituir uma comissão de inquérito, não foi possível constituir esta comissão de inquérito para não pôr em causa o senhor Juncker”, criticou.

Questionada como será possível combater a evasão fiscal e o branqueamento de capitais, a bloquista defendeu que passa por “medidas concretas de transparência, como identificação dos destinatários, com o levantamento do sigilo bancário, com o fim de esquemas como os vistos ‘gold’”.

O cabeça de lista do PSD declarou que os sociais-democratas também consideram “fundamental” o combate à evasão fiscal.

“A nossa estimativa é de que se conseguiria, eventualmente, se houvesse um combate eficaz à evasão fiscal e à elisão fiscal (...) conseguir sete orçamentos anuais”, salientou Rangel, referindo que os “100 mil milhões de euros” permitiriam fazer coisas absolutamente gigantescas” na UE “sem exigir nenhum esforço superior à generalidade das pessoas que cumprem as suas obrigações”.

Paulo Rangel afirmou também que “hoje há na UE problemas de estado de direito” em vários países, como a Hungria, Malta e Eslováquia.

Mais à frente, os dois candidatos debateram também a segurança e defesa da UE, tendo ambos declarado oposição à criação de um exército comum europeu.

A cabeça de lista do Bloco de Esquerda rejeitou o fim da livre circulação de pessoas na Europa e a criação de um fundo para a defesa, enquanto o social-democrata se mostrou favorável à segunda medida e destacou o combate ao cibercrime.

Quanto às ameaças, na ótica do BE, “combatem-se com cooperação” e mais troca de informação entre os Estados-membros, mas o PSD vincou ser necessário aumentar “a segurança física das pessoas e a defesa da Europa” através da NATO e mantendo o Reino Unido como “um parceiro privilegiado”.

Como prioridades para a UE, Paulo Rangel anunciou um “programa europeu de luta contra o cancro” com um “investimento massivo”, de tal ordem que se compara com “um programa espacial”, enquanto Marisa Matias destacou o combate às alterações climáticas.

O debate, transmitido pela RTP3, e que teve a duração de 30 minutos, começou com a visão de Matias e Rangel sobre a ameaça de demissão do Governo caso o parlamento aprove a contabilização total do tempo de serviço dos professores.

Os dois candidatos concordaram que o Governo não tem sido rigoroso em relação aos números do impacto orçamental desta medida.

Marisa Matias acusou o executivo socialista de “baralhar as pessoas com números que, ainda por cima, são falsos”.

Também Paulo Rangel falou em números que “são falsos” e advogou que o primeiro-ministro anda a “brincar às demissões” por ter feito uma “dramatização completamente artificial”.