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Marcelo considera que Bolsonaro foi obrigado a recuar na intenção de sair do Acordo de Paris

Foto Lusa
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O chefe de Estado português, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou hoje que o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, foi obrigado a recuar na intenção de sair do Acordo de Paris por pressão da opinião pública.

O Presidente da República falava perante alunos do ensino secundário, em Lisboa, numa sessão do programa “Cientistas no Palácio de Belém”, com o professor da Universidade de Coimbra José Xavier, dedicada às alterações climáticas.

Para salientar a importância do papel da sociedade nesta matéria, Marcelo Rebelo de Sousa disse que “o novo Governo brasileiro prometeu no início que se afastava do Acordo de Paris, por discordar daquilo que é hoje pacífico do ponto de vista científico relativamente às alterações climáticas”, mas depois “foi obrigado a recuar”.

Segundo o chefe de Estado português, a mudança de posição do Governo brasileiro ficou expressa na reunião anual do Fórum Económico Mundial, em Davos, na Suíça, em janeiro, na qual o Presidente do Brasil discursou, na sua “primeira e única” deslocação ao estrangeiro até agora.

“Falou oito minutos e nesses oito minutos o mais importante que disse é que não era verdade que saíam do Acordo de Paris”, referiu.

“Quer dizer, depois do anúncio de uma posição muito ideológica, houve um recuo relativamente a essa posição. Porquê? Foi tal a pressão da opinião pública, foi tal a pressão da sociedade, a pensar nomeadamente em consequências que imaginam, na Amazónia e outras, que pouco tempo depois de tomar posse ele foi obrigado a recuar. Estão a ver a importância do vosso papel? É fundamental”, considerou Marcelo Rebelo de Sousa.

Na sua intervenção em Davos, no dia 22 de janeiro, Jair Bolsonaro apresentou o Brasil como “o país que mais preserva o meio ambiente”.

“Nenhum outro país do mundo tem tantas florestas como nós. A agricultura se faz presente em apenas 9% do nosso território e cresce graças à sua tecnologia e graças à competência do produtor rural. Menos de 20% do nosso solo é dedicado à pecuária. Essas ‘commodities’, em grande parte, garantem superavit em nossa balança comercial e alimentam boa parte do mundo”, declarou.

Bolsonaro apontou como missão do Governo brasileiro “avançar na compatibilização entre preservação do meio ambiente e da biodiversidade, com o necessário desenvolvimento económico, lembrando que são interdependentes e indissociáveis”.

Concluído em 12 de dezembro de 2015, na capital francesa, com a assinatura de 195 países, o Acordo de Paris tem como objetivo limitar a subida da temperatura global pela redução das emissões de gases com efeito de estufa e entrou formalmente em vigor em 04 de novembro de 2016.

Portugal ratificou o Acordo de Paris em 30 de setembro de 2016, tornando-se o quinto país da União Europeia a fazê-lo e o 61.º do mundo.