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Informação estará “completamente desmaterializada” dentro de 50 anos

FOTO Shutterstock
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A investigadora Elvira Fortunato, que recebeu a bolsa mais alta entregue pelo Conselho Europeu de Investigação a Portugal, defendeu hoje, no Porto, que dentro de 50 anos a informação estará “completamente desmaterizalizada”.

“Acredito que o conceito de computador, pelo menos como o conhecemos hoje, deixará de existir” no futuro e que “a comunicação será feita a partir de superfícies que funcionarão como os atuais mostradores planos”, indicou a cientista, à margem do Future of Computing, um evento organizado pelo Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto (UPTEC), que decorre entre hoje e sexta-feira na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto.

Elvira Fortunato é uma das oradoras da iniciativa, que tem como objectivo desafiar os vários participantes a responder à questão “Como vão ser os computadores em 2068?”, através de debates centrados nas tendências e tecnologias da computação.

A investigadora, que recebeu, em abril, uma bolsa de 3,5 milhões de euros do Conselho Europeu de Investigação (ERC na sigla em inglês), a mais alta atribuída para Portugal, para “perceber melhor o funcionamento de dispositivos electrónicos à nanoescala”, acredita igualmente que as máquinas “nunca irão substituir os homens”.

“Aquilo que irá acontecer - e parte já acontece hoje em dia - é que tudo o que sejam tarefas repetitivas e passíveis de programação, passarão a ser desempenhadas por máquinas e robôs”, afirmou.

No entanto, continuou, “tudo o que seja relacionado com emoções e capacidade de sentir e actuar no imediato, nunca será substituído por máquinas”.

A cientista, que já tinha recebido, em 2008, uma primeira bolsa por parte do Conselho Europeu de Investigação, no valor de 2,5 milhões de euros, tem desenvolvido um trabalho centrado no papel electrónico, que visa utilizar “um material de baixo custo e de origem renovável (sustentável) para aplicações de electrónica, recorrendo a uma combinação com outros materiais e tecnologias, também amigos do ambiente”.

Segundo a cientista, os resultados obtidos neste projecto serão aplicados em diferentes áreas, sendo a das embalagens a que vai ter maior aplicação, contribuindo para ajudar a contornar a poluição, com a produção de embalagens a partir de materiais ou derivados de celulose, nas quais pretendem incluir sensores.

A equipa responsável por este trabalho tem estado também a trabalhar em projectos conjuntos com a The Navigator e com a Imprensa Nacional Casa da Moeda, em aplicações na área do papel secreto e papel inteligente.

De acordo com a organização, o Future of Computing pretende incentivar a indústria e as ‘startups’ (empresas de base tecnológica em fase de desenvolvimento) a criarem novos mercados para futuras plataformas de computação, bem como inspirar os investigadores a encontrarem novas linhas de investigação nesta área.

O evento conta com a participação da responsável pelo Piz Daint, o terceiro supercomputador mais rápido do mundo, Sadaf Alam, diretora do Departamento de Tecnologia do Swiss National Supercomputing Centre (Suiça).

O investigador da Microsoft, Luca Cardelli, e o responsável pelo departamento de Engenharia Quântica e de Computação da Universidade de Delft (Holanda), Koen Bertels, são outros dos oradores convidados.