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Impacto ambiental diminuiu durante crescimento da actividade económica

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A atividade económica portuguesa aumentou em 2016, ano em que se registou um decréscimo do impacto ambiental, um fenómeno que não acontecia desde 2010, segundo um estudo do Instituto Nacional de Estatística ontem divulgado.

Esta é a principal conclusão do relatório “Indicadores Económico-ambientais -- Contas das Emissões Atmosféricas” para 2016, que apresenta também dados revistos das últimas duas décadas (entre 1995 e 2015).

As Contas das Emissões Atmosféricas procuram explicar de que forma as atividades económicas e as famílias interagem com o ambiente, nomeadamente em que medida contribuem para a degradação do ambiente, na sua função de produção e consumo.

Um dos três indicadores analisados é o “Potencial de Aquecimento Global (GWP)”, que é calculado através da combinação dos três gases que mais contribuem para o aquecimento global: o dióxido de carbono (CO2), o óxido nitroso (N2O) e o metano (CH4) e está expresso em toneladas equivalentes de CO2.

Os outros dois indicadores são o Potencial de Acidificação (ACID) e o Potencial de Formação de Ozono Troposférico (TOFP).

“Em 2016, estes três indicadores ambientais, em resultado da diminuição das emissões da maior parte dos gases que contribuem para o seu cálculo, decresceram relativamente ao ano anterior”, ao contrário da atividade económica que cresceu 1,6%, sublinha o relatório.

O Potencial de Aquecimento Global diminuiu 2,9%, o de Acidificação 2,0% e o de Formação de Ozono Troposférico 3,3%.

Olhando para a evolução entre 1995 e 2016 verifica-se que estes indicadores ambientais têm registado decréscimos significativos, ao contrário da atividade económica que registou um aumento em volume de 28,5%.

A precipitação é a justificação para o fenómeno registado em 2016, segundo o INE, que sublinha que o aumento de produção de energia renovável diminui a necessidade de produção de eletricidade a partir de combustíveis fósseis.

O relatório recorda que 2016 foi um ano normal em termos de precipitação, aumentando a produção de energia hídrica em relação a 2015 (um ano extremamente seco).

Apesar do aumento gradual da produção de energia eólica e solar fotovoltaica desde 2005, a fonte hídrica continua a apresentar um peso significativo na produção de energia elétrica, sublinha o estudo, que conclui que “esta característica faz com que as emissões causadoras do GWP continuem fortemente ligadas aos níveis de precipitação”.

Comparando com os restantes países da Europa, Portugal surge em sexto lugar com valores mais baixos de GWP per capita: A média da UE28 foi de 8,7 toneladas equivalente de CO2 per capita, enquanto Portugal registou 6,6 toneladas.

No entanto, em 2016, as emissões de gases de efeito estufa atingiram ainda 65,7 milhões de toneladas de equivalente de dióxido de carbono (CO2).

Os agentes económicos que mais contribuem para o GWP continuam os mesmos: energia, água e saneamento (31,1%), indústria (24,9%), agricultura, Silvicultura e Pesca (13,5%) e, por último, as famílias (12,5%).

Na maioria dos ramos de atividade o dióxido de carbono continua a ser o gás de efeito de estufa mais emitido, as exceções são a agricultura, suinicultura e pescas.

Também a intensidade dos gases com efeito de estufa diminuiu nos últimos anos: “Em comparação com 1995, a intensidade de emissões de gases com efeito de estufa para o conjunto dos ramos de atividade diminuiu (-28,1%), mas aumentou na construção e nos transportes e armazenagem. O maior decréscimo foi registado na energia, água e saneamento (-40,4%)”, lê-se no relatório.