País

Grupo de trabalho propõe Matemática com um currículo nacional e currículos locais

None

Um novo currículo de Matemática a pensar no sucesso académico dos alunos e com a possibilidade de se desenharem currículos locais adaptados aos estudantes são recomendações do relatório pedido pelo Ministério da Educação que está em discussão pública.

O Grupo de Trabalho de Matemática (GTM), criado no final do ano passado pelo Ministério da Educação, concluiu a 1.º fase do seu projeto e apresentou um relatório com 24 recomendações sobre o ensino, a aprendizagem e a avaliação da disciplina.

Na primeira versão, o GTM defende uma “elaboração urgente de um currículo de Matemática para todos os ciclos de escolaridade”, desde o 1.º ao 12.º ano de escolaridade, que substitua todos os programas e metas em vigor.

Os especialistas defendem que o novo currículo deve ser desenhado tendo em conta vários aspetos como as orientações curriculares de países “cujos alunos apresentam elevado sucesso em Matemática”.

Primeiro desenha-se um currículo de Matemática a nível nacional, que definirá o “núcleo comum para todos os alunos”, no qual ficam estabelecidos objetivos, conteúdos matemáticos que todos deverão aprender, orientações metodológicas, recursos a usar e avaliação a praticar.

Depois, a nível local, as escolas ou agrupamentos de escolas podem detalhar e complementar o currículo nacional “atendendo às especificidades dos seus contextos” desenhando os seus próprios “documentos curriculares locais”, lê-se no documento.

O GMT acredita que os documentos curriculares locais pensados pelos professores vão permitir adequar o ensino “à diversidade dos alunos e às especificidades dos contextos”.

“O princípio da flexibilidade curricular e da autonomia das escolas será assim garantido, bem como a possibilidade de criação de contextos favoráveis ao desenvolvimento das competências indicadas no Perfil dos Alunos”, refere ainda o GMT.

Outra das novidades é a aposta nas ferramentas tecnológicas como arma para ensinar e aprender. O uso da internet, por exemplo, deve ser visto como um aliado.

“Devem considerar-se recursos tecnológicos a que todos os alunos podem aceder livremente, como calculadoras, aplicações disponíveis na Internet, software para tratamento estatístico, para cálculo algébrico simbólico, para geometria e funções, para modelação. A Internet deve constituir-se como fonte importante de acesso a informação ao serviço ao serviço do ensino e aprendizagem da Matemática. Devem também considerar-se materiais manipuláveis que favoreçam a compreensão de conhecimentos matemáticos e a conexão entre diferentes representações matemáticas”, diz o relatório.

Além da análise do currículo da Matemática, o documento apresenta também recomendações sobre as dinâmicas de desenvolvimento curricular, avaliação das aprendizagens dos alunos e formação de educadores e professores.

Para o GMT, os processos de mudança curricular devem ser acompanhados por dispositivos de regulação e apoiados com programas de formação de educadores e professores e com recursos adequados.

Sobre a avaliação das aprendizagens dos alunos, o GMT recomenda práticas de avaliação formativa nas aulas de Matemática, “contribuindo para a aprendizagem matemática e não possibilitando a retenção sem ser nos finais de Ciclo”.

Na avaliação externa, recomenda-se que as provas sejam alinhadas com os focos essenciais da aprendizagem matemática e ainda que sejam comparáveis ao longo do tempo. A garantia dessa comparabilidade deve ser assegurada nas provas de aferição e não nos exames, lê-se no relatório que analisou um conjunto de documentos produzidos ao longo dos últimos trinta anos em Portugal.