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Gasóleo “secou” na maioria das bombas da costa alentejana

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A maioria dos postos de abastecimento de combustíveis da costa alentejana já não dispõe hoje de gasóleo para abastecer viaturas, devido à greve dos motoristas de matérias perigosas, segundo uma ronda feita pela agência Lusa.

O aumento da procura fez “secar” o gasóleo nas bombas da Repsol, em Sines, que, na terça-feira, viveram “momentos de loucura”, relatou hoje à agência Lusa Vanessa Cruz, gerente da gasolineira.

A corrida ao gasóleo “foi muito grande nos últimos dias, principalmente até ao final de terça-feira. Enquanto tivemos reserva de gasóleo as pessoas não arredaram pé, porque receavam ficar sem combustível, mas hoje já está tudo mais calmo porque só temos gasolina e GPL”, acrescentou.

No concelho vizinho de Santiago do Cacém, no posto de combustíveis da BP, o gasóleo também esgotou na terça-feira à noite, mas “ainda há uma boa reserva de gasolina”, explicou Gonçalo Marques, gerente da bomba, pouco habituado à afluência anormal de clientes.

“Tivemos um consumo fora do normal, porque as pessoas quiseram abastecer para ficarem prevenidas e hoje, como já não temos gasóleo, está tudo mais tranquilo, uma vez que são poucas as pessoas que abastecem com gasolina”, adiantou o empresário, garantindo ter gasolina “para os próximos dias”.

Ainda em Santiago do Cacém, no posto de combustíveis da Galp, o gasóleo simples está a ser garantido com um máximo de abastecimento de 30 euros.

Ainda no litoral alentejano, no posto de combustíveis da Galp de Grândola, na avenida D. Nuno Alvares Pereira, o cenário repete-se e desde terça-feira que já não há gasóleo para abastecer as viaturas que não param de chegar.

“O gasóleo simples esgotou logo na terça-feira, nas primeiras horas da manhã, e o restante acabou ao início da tarde, porque temos um grande volume de carros pesados e as vendas de gasóleo aqui rondam os 70 por cento e com esta procura facilmente esgotou”, avançou à Lusa António Romão, gerente do posto da Galp de Grândola.

Segundo o empresário, que agora “só está a abastecer viaturas a gasolina”, as reservas permitem garantir o abastecimento “ainda para mais uns dois dias”.

Na Estrada Nacional (EN) 120, também em Grândola, as áreas de serviço da BP continuam a abastecer de gasóleo e gasolina os clientes, apesar da “enorme procura” nos últimos dias.

“Por enquanto, ainda temos gasóleo e gasolina para abastecimento, mas não podemos fazer previsões porque depende da adesão das pessoas. Apenas, posso adiantar que temos os dois postos, de um lado e do outro da via, lotados porque não há gasóleo nos outros postos da zona”, adiantou à agência Lusa uma das funcionárias da área de serviço.

Em Alcácer do Sal, o posto de combustíveis da Galp prevê garantir o abastecimento de gasóleo e de gasolina “nas próximas horas”, apesar da “enorme procura e da afluência de viaturas”, relatou à agência Lusa Isabel Correia, gerente da gasolineira em funcionamento há mais de 50 anos.

“Tínhamos um bom ‘stock’ de combustível e, neste momento, ainda temos gasolina e gasóleo para abastecer as viaturas”, explicou a empresária, que diz não compreender o “pânico” generalizado das pessoas “que abastecem por precaução e não por necessidade”.

A greve dos motoristas de matérias perigosas, que começou às 00:00 de segunda-feira, foi convocada pelo Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), por tempo indeterminado, para reivindicar o reconhecimento da categoria profissional específica.

Na terça-feira, alegando o não cumprimento dos serviços mínimos decretados, o Governo avançou com a requisição civil, definindo que até quinta-feira os trabalhadores a requisitar devem corresponder “aos que se disponibilizaram para assegurar funções em serviços mínimos e, na sua ausência ou insuficiência, os que constem da escala de serviço”.

No final da tarde de terça-feira, o Governo declarou a “situação de alerta” devido à greve, avançando com medidas excecionais para garantir os abastecimentos e, numa reunião durante a noite com a Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) e o Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas, foram definidos os serviços mínimos