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Director da PJ revela que “furto está integralmente esclarecido”

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O diretor da Polícia Judiciária (PJ) disse hoje, na comissão de inquérito ao caso de Tancos, que o “furto está integralmente esclarecido” e que a Polícia Judiciária Militar foi informada para um eventual roubo três meses antes.

Logo no início da audição, que se prolongou por quase três horas, Luís Neves afirmou que, apesar de o processo estar em investigação, iria tentar, “com equilíbrio”, ajudar os deputados a “esclarecer a verdade material”.

E, sem nunca invocar segredo de justiça, confirmou que a PJ recebeu, não uma denúncia anónima, mas uma informação de uma “fonte humana” que “se recusou a ser identificada”.

A informação “não era muito rica”, mas “permitia iniciar uma investigação” e foi isso que fez a Diretoria do Norte da PJ, que pediu “interceções” ou escutas a três juízes, primeiro no Porto, depois em Leiria e, finalmente, em Lisboa, o juiz Ivo Rosa, que não deram seguimento.

Essa informação, “ainda que vaga”, foi remetida para a Polícia Judiciária Militar (PJM) que, aparentemente, não valorizou, segundo admitiu.

Luís Neves adiantou que foi um elemento da PJ a comunicar aquela informação ao major Pinto da Costa, da PJM.

“A conclusão é que o senhor major Pinto da Costa não terá credibilizado e transmitido a informação à hierarquia”, declarou.

De resto, prevendo que a investigação estará praticamente concluída “em junho ou julho”, o diretor nacional da PJ informou os deputados que o furto foi organizado com ajudas “a partir de dentro”, que “as pessoas estão identificadas” e “o furto está integralmente esclarecido”.

O responsável da PJ admitiu ainda que o crime “tem de ser conjugado” com o facto de não terem existido rondas nas 20 horas anteriores, em junho de 2017.

O furto do material militar, entre granadas, explosivos e munições, dos paióis de Tancos, foi noticiado em 29 de junho de 2017 e parte do equipamento foi recuperado quatro meses depois.

O caso ganhou importantes desenvolvimentos em 2018, tendo sido detidos, numa operação do Ministério Público e da Polícia Judiciária, sete militares da Polícia Judiciária Militar e da GNR, suspeitos de terem forjado a recuperação do material em conivência com o presumível autor do crime.

Este processo levou à demissão, ainda em 2018, do ministro da Defesa Nacional, José Azeredo Lopes, e do chefe do Estado-Maior do Exército, general Rovisco Duarte.

A comissão de inquérito para apurar as responsabilidades políticas no furto de material militar em Tancos, pedida pelo CDS-PP, vai decorrer até junho de 2019, depois de o parlamento prolongar os trabalhos por mais 90 dias.