País

Cooperação policial foi a “chave” para apreensão de 500 quilos de cocaína em veleiro nos Açores

None

O coordenador da Polícia Judiciária (PJ) nos Açores salientou hoje que a cooperação policial entre vários países foi “fundamental” na apreensão em julho de meia tonelada de cocaína num veleiro na marina da Praia da Vitória, Ilha Terceira.

Em conferência de imprensa, em Lisboa, e na presença de responsáveis policiais de Espanha, Holanda, Europol e MAOC-N (Marítime Analisys and Operations Centre - Narcotics), Renato Furtado sublinhou ainda que “as embarcações de recreio têm sido muito utilizadas para o transporte de cocaína desde as Caraíbas e de toda a América do Sul para a Europa”.

Segundo aquele coordenador da PJ, “boa parte dessas embarcações param nos Açores por diversas razões, às vezes por avarias, às vezes para se reabastecerem de alimentos e água”, sendo também uma forma das organizações criminosas transnacionais “transportarem quantidades bastante significativas, de uma só vez, de cocaína, porque a via aérea não permite essa escala ao nível do transporte”.

A investigação, que permitiu a apreensão de cerca de 500 quilogramas de cocaína dissimulados no interior do veleiro ‘Imagine’ e que levou à detenção de dois homens (um holandês e outro estónio), iniciou-se em Espanha, na zona de Valência, mas teve como rastilho uma informação vinda diretamente da polícia holandesa, país onde, mais tarde, foram detidas outras duas pessoas e efetuadas buscas domiciliárias.

Renato Furtado explicou que as polícias e entidades envolvidas na investigação decidiram, por questões estratégicas, realizar a apreensão da cocaína na passagem da embarcação pela ilha Terceira (Açores), tendo a operação sido efetuada no terreno pela PJ local, que encontrou a droga escondida em “dois espaços distintos” da embarcação.

Após a detenção dos dois ocupantes do veleiro, de 53 e 41 anos - prosseguiu o coordenador da PJ - foram imediatamente desenvolvidas diligências na Holanda, com outras duas detenções naquele país e de um outro suspeito num outro país europeu, que não quis precisar.

Renato Furtado e os restantes responsáveis policiais estrangeiros presentes hoje na sede da PJ não quiseram também fornecer dados sobre a envergadura e dimensão da organização criminosa envolvida neste caso, tendo o coordenador da PJ justifcado que isso poderia prejudicar as investigações ainda em curso. Notou, no entanto, que a apreensão da droga e as detenções causaram “danos significativos” naquela organização criminosa transnacional.

Segundo revelou a PJ em meados de julho, o veleiro com a cocaína tinha partido da América do Sul e a droga deveria ser entregue num porto europeu. Além da droga, foi também apreendida uma pistola e outros elementos de prova.

A passagem do veleiro na ilha Terceira, no meio do oceano Atlântico, serviria para descanso da tripulação e reabastecimento.

O espanhol Miguel Rodriguez, em representação da Europol, sublinhou na conferência de imprensa que a “única forma de combater o crime organizado” transnacional é através de cooperação policial entre os diversos países.

“Nenhum país pode combater sozinho este fenómeno”, enfatizou o dirigente da Europol.