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Associação de Lesados do Banif vai à Venezuela e África do Sul recolher provas de fraude

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Uma delegação da Associação dos Lesados do Banif (ALBOA) vai em abril à Venezuela e à África do Sul para recolher reclamações a enviar ao regulador dos mercados financeiros que provem que houve venda fraudulenta de produtos pelo banco.

Segundo disse à Lusa fonte oficial da ALBOA, até agora, nas sessões públicas organizadas em Portugal (sobretudo Madeira e Açores), foram recolhidas cerca de 1.000 reclamações e as ações que serão desenvolvidas nas comunidades portuguesas no estrangeiro visam aumentar o número dos indícios de fraude.

O objetivo é que estas reclamações sirvam de suporte para que a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) emita um parecer de que houve no Banif uma “operação global de ‘misseling’” (vendas enganosas ou fraudulentas).

Os lesados esperam que isso impulsione o encontrar de uma solução para os seus casos.

A Alboa estima que há 3.500 clientes lesados pelo Banif que perderam 265 milhões de euros em investimentos de produtos no banco.

Segundo a associação, as informações de que dispõe evidencia que “grande parte das vendas agressivas dos comerciais Banif tiveram por objetivo as poupanças dos emigrantes”, pelo que o objetivo é recolher mais 1.000 a 2.000 novas reclamações junto destas comunidades que vivem fora de Portugal.

Após a recolha de novas reclamações na Venezuela e África do Sul, a associação pondera também visitar as comunidades portuguesas nos Estados Unidos da América.

A ALBOA defende que cada cliente que se sinta lesado faça chegar à CMVM uma descrição sumária do modo como lhes foram apresentados os produtos e os argumentos usados pelo banco para que os clientes os comprassem, referindo que por cada produto subscrito deve ser apresentada uma reclamação.

Os produtos, diz, foram vendidos usando vários argumentos, como o de que o Banif era do Estado (quando este tinha, de facto, a maioria do capital), o que dava garantia extra sobre os produtos, existindo também situações em que era dito aos clientes que havia uma garantia da CMVM ou que eram como depósitos a prazo, mas com juros mais altos.

Em 20 de dezembro de 2015, o Governo e o Banco de Portugal anunciaram a resolução do Banif com a venda da atividade bancária ao Santander Totta por 150 milhões de euros e a criação da sociedade-veículo Oitante para a qual foram transferidos os ativos que o Totta não comprou.

Continua a existir ainda o Banif, agora ‘banco mau’, no qual ficaram os acionistas e os obrigacionistas subordinados, que provavelmente nunca receberão o dinheiro investido.