País

Activistas propõem 120.000 postos de trabalho na economia verde para garantir futuro

None

As mudanças para energias limpas têm de começar na próxima legislatura e devem passar por criar 120.000 postos de trabalho no setor público, defenderam ontem os responsáveis da iniciativa “Empregos pelo Clima”.

A criação de postos de trabalho na economia verde pela mão do setor público faz parte de um conjunto de 10 ideias para uma transição energética justa e rápida e foi hoje apresentada em Lisboa pela campanha “Empregos pelo Clima”, que junta entidades como sindicatos, organizações não governamentais e organizações de defesa do ambiente.

As 10 propostas vão a partir de agora ser apresentadas aos partidos políticos, considerando as entidades promotoras que devem ser alcançadas no mandato do próximo governo. Abrangem temas como a energia, os transportes, os edifícios, a alimentação e a floresta, propondo formas de fazer uma transição tendo em conta o emprego e os direitos humanos.

O relatório “Empregos pelo Clima”, uma iniciativa da qual fazem parte entre muitas outras entidades a CGTP, sindicatos de professores ou a organização ambientalista Zero, especifica que a meta de limitar o aquecimento global implica criar 120 a 160 mil postos de trabalho em setores chave e dedicar ao setor da transição energética três a cinco mil milhões de euros em cada ano.

Importante, dizem os autores do relatório, é que ao mesmo tempo se penalize os setores mais poluentes da economia, que se crie um imposto sobre paraísos fiscais, ou que se eliminem os benefícios fiscais na energia de origem fóssil.

Das 10 propostas do relatório faz parte por exemplo a criação de um dia por semana dedicado à formação profissional para os trabalhadores dos setores poluentes, para serem requalificados quando fecharem empresas como as centrais termoelétricas ou as refinarias.

Os ativistas propõem também a criação de uma empresa pública de energias renováveis, para “criar 45 mil empregos dignos e socialmente úteis”, podendo fechar-se já em 2023 as duas centrais termoelétricas do país, expandindo-se ao mesmo tempo a rede ferroviária, ligando todas as capitais de distrito, aeroportos e concelhos com mais de 200 habitantes por quilómetro quadrado e tornando as viagens aéreas de menos de 800 quilómetros “economicamente inviáveis”.

Depois, defendem ainda os responsáveis pelo documento, é preciso criar uma empresa pública que desenvolva uma rede nacional de transporte público rodoviário eletrificado, expandir as redes ferroviárias metropolitanas, investir no isolamento térmico e alimentação com energias renováveis dos edifícios públicos, ou proibir a obsolescência programada de todos os produtos.

Para cada uma das propostas é apresentado um modelo de financiamento, seja através de impostos já existentes ou de novos, seja de poupanças seja de fundos europeus, entre outros.

Uma das propostas nem apresenta custos diretos, já que quer estabelecer a obrigatoriedade de um dia por semana todas a cantinas escolares e sociais servirem refeições livres de carne.

E outra proposta que, dizem, “quase não precisa de financiamento” é a redução gradual da semana de trabalho para 32 horas, “em todos os setores”.

No documento há ainda uma última proposta, ligada às florestas, guardas florestais e sapadores bombeiros. Os autores admitem que tem custos. Mas lembram que os custos anuais dos incêndios estão estimados em mil milhões de euros. E que os desastres naturais custaram 700 milhões de prejuízos em 2017.

Em conclusão, os autores das propostas afiançam que não será o mercado a resolver sozinho o problema das alterações climáticas, e que “a verdadeira esperança da humanidade passa pelos Empregos para o Clima”.

“Questionar se há dinheiro para financiar os Empregos para o Clima é uma pergunta bizarra, no mínimo. Dizer que não podemos pagá-los é dizer que é demasiado caro mantermo-nos vivos”, concluem.