Crónicas

Viajar, descobrir, aprender

Num Mundo pleno de diferentes idiossincrasias, poder ir e aprender com isso é provavelmente

Quando viajamos elevamos a nossa identidade e acrescentamos conhecimento, sobretudo de nós próprios. É por isso que se revela tão importante o abrir de horizontes, tomar contacto com diferentes paradigmas e culturas, mas também o apagar daquela linha que por vezes construímos à nossa volta que nos define limites, que na realidade não passam de movimentos de preguiça ou receio. Esta busca pelo auto-conhecimento conhece por si só quando saímos da nossa zona de conforto, todo um Mundo diferente, cheio de particularidades, aventuras e desafios. E o que é mais estimulante na Vida que um bom desafio?

Uma das coisas boas da globalização foi dar acesso a muito mais pessoas de puderem sair, descobrir, tomar contacto com os outros e com a sua própria essência. E não temos obrigatoriamente de o fazer para o outro lado do planeta. Dentro dos próprios Países somos capazes de encontrar motivos de interesse tão díspares que vale mesmo a pena “arejar” ver caras novas, para pudermos respirar e encontrar algumas respostas que de outra forma nunca teríamos. Eu diria que é na viagem que aprofundamos esta inolvidável experiência de perceber o que queremos e o que não queremos mas também dá-nos uma panóplia de ferramentas que nos permitem posicionar-nos em relação ao que nos rodeia, às expectativas que criamos e aos objectivos que definimos.

Eu assumo que o meu principal vício é mesmo viajar. E uma vez que não sou rico, prefiro abdicar de uma série de outras coisas para que o possa fazer, e no entanto nunca parecem ser suficientes. Queremos sempre mais, mais dias, mais destinos, mais emoções. É uma forma de preenchimento semelhante ao entusiasmo de uma criança ao abrir um presente. Porque nunca sabemos muito bem o que vamos encontrar mas só o facto de o fazermos faz-nos sentir bem. A nossa própria estratégia enquanto empresa segue o caminho da internacionalização e não é por acaso. É porque nos sentimos confortáveis neste permanente desconforto de desafiarmos o que nos é imposto e que nos impele a estreitar laços com pessoas e vivências tão diferentes das nossas mas ao mesmo tempo tão ricas de conteúdo.

Gosto mais de o fazer com alguém que tenha capacidade para partilhar experiências, mas habituei-me com o passar dos anos a fazê-lo também muito sozinho e para uma pessoa mais tímida como eu ajudou-me imenso a quebrar esta casca e a obrigar-me a lidar com determinado tipo de situações e problemas. Viajar sozinho não me permite esconder atrás de nada nem de ninguém, tens que te desenrascar e pronto. Ninguém o vai fazer por ti. Isso acaba por te tornar mais independente e capaz de tomar depois certo tipo de decisões sejam pessoais ou profissionais. A liderança começa dentro de nós e espalha-se contaminando os que nos rodeiam através da forma como nos desenhamos e como nos entregamos ao desconhecido com uma inabalável confiança.

É por isso que da mesma forma que viajar faz parte de mim, da minha construção e da minha essência tornou-me também no que sou hoje. É indissociável, indivisível. Acaba-se uma fico logo a pensar na próxima. Nos planos, ideias e novas aventuras, mesmo que seja em trabalho. Acho por isso que é fundamental para que encontremos permanentemente o nosso espaço, seja ele onde for, com quem for, que nos permitamos conhecer o que está lá fora como parte do nosso desenvolvimento intelectual e do apuro da nossa sensibilidade emocional. Viajar é termos a oportunidade de sermos felizes de uma forma diferente a cada vez. Sabendo retirar delas o máximo proveito diria que não tem como não ser especial. Ir, até por vezes para sentirmos saudades dos que temos e do que queremos e para sabermos o que não nos faz falta, o superficial e supérfluo. Num Mundo pleno de diferentes idiossincrasias, poder ir e aprender com isso é provavelmente o melhor investimento. O de colecionar momentos.