Crónicas

Vamos a isto!

Miguel Albuquerque rasgou o contrato eleitoral que assinou com os madeirenses e porto-santenses há três anos, pois não cumpriu uma terça parte do que anunciou

Inicia-se um novo ano político, um dos mais importantes da história da Democracia e Autonomia, que terá o seu epílogo nas eleições regionais do próximo ano de onde sairá o Governo da Região. Será um ano decisivo para o futuro da Madeira e do Porto Santo. Estou no CDS há 44 anos, estive 20 anos na liderança do partido, dei metade da minha vida ao seu serviço e não podia falhar ao apelo dos militantes para que contribuísse para a reconciliação do partido e trabalhasse para levar o CDS ao Governo da nossa terra. Agora, em funções mais institucionais e de representação como Presidente do partido. Não é um regresso ao passado; é um regresso ao Futuro. Apoio o Rui Barreto como líder regional porque este foi o apelo que ouvi de muitos simpatizantes do CDS, mas sobretudo de eleitores que estão dispostos a votar no CDS se o partido tiver a casa arrumada e se oferecer um Projeto novo, credível e consistente para a governação da Madeira.

No próximo ano, acabará a maioria absoluta de um só partido. Se tivermos em consideração que vivemos há mais de 40 anos sobre um poder absoluto do PSD, temos a noção exata da dimensão dessa mudança e das perspetivas e responsabilidades que isso traz ao CDS.

O PSD vive momentos de indefinição, emparedado entre uma renovação falhada e um jardinismo recuperado, com uma governação recauchutada, uma liderança frágil, tentando cumprir meias promessas no final do mandato e prometendo tudo a todos para depois das eleições. Miguel Albuquerque é hoje a desesperança do PSD e dos madeirenses. Do lado do PS, temos um partido refém de uma pessoa, Paulo Cafofo, que não é militante do partido, mas que tem uma estratégia de, a partir do poder local, conquistar o poder regional com a preciosa ajuda do poder central de António Costa que não hesita em prejudicar os madeirenses para beneficiar o PS. O problema é que este PSD e este PS são de promessa fácil, mas de cumprimento difícil. Sabem conjugar muito bem o verbo anunciar, mas lidam mal com o verbo concretizar.

Miguel Albuquerque rasgou o contrato eleitoral que assinou com os madeirenses e porto-santenses há três anos, pois não cumpriu uma terça parte do que anunciou e, portanto, não merece voltar a ter o voto do povo. Mas também Paulo Cafofo desiludiu ao violar o contrato que assinou com os funchalenses, prometendo que se fosse eleito Presidente da Câmara, cumpriria o mandato até ao fim. Será que quem rasgou o contrato de confiança com os funchalenses merece o voto dos madeirenses?

É neste contexto que o CDS tem que ter um discurso de verdade e uma ação de responsabilidade. O CDS tem uma enorme vantagem sobre os adversários, pois ao contrário do PSD, do PS e de outros, tem provas dadas de boa governação. Nas últimas eleições autárquicas, o CDS foi o único partido que não só repetiu a vitória na Câmara de Santana e nas Juntas onde já era poder, como reforçou, substancialmente, as suas votações em todas essas autarquias. Isto diz tudo sobre a credibilidade dos seus quadros e sobre a verdade dos compromissos assumidos. O partido deve ir a eleições com listas próprias, apresentando um Programa realista e verdadeiro, só prometendo aquilo que se pode cumprir, e com a ambição de ser a primeira escolha dos madeirenses. Sim porque quem é segundo partido só pode ter a ambição de ser primeiro, basta que essa seja a escolha dos eleitores. Ninguém é dono do voto de ninguém e isso vai comprovar-se na Madeira em 2019.

Muita gente pergunta: mas não havendo maioria absoluta com quem vai aliar-se o CDS? É uma boa pergunta, mas vão ter que esperar pela resposta dos madeirenses e porto-santenses, pois são eles e só eles, que decidirão o que o CDS deve fazer a seguir às eleições, Com algumas certezas: o CDS não quer poder a qualquer custo, se o tiver é para fazer vingar as suas ideias, não deixaremos que a geringonça de esquerda se estenda à Região e que os radicais cheguem ao poder e o partido será um pilar de estabilidade e responsabilidade na governação regional. De Responsabilidade porque é isso que os madeirenses, e em particular os jovens mais procuram: um partido que fale verdade e que diga ao que vem sem fugir às questões difíceis e sabendo dizer “sim”, mas também sabendo dar um “não” quando tal se impuser e não for possível concretizar uma determinada obra ou projeto.

O CDS tem tudo para dar certo. Para isso, precisa de chamar ao combate político os melhores; manter a sua Autonomia Estratégica em relação ao PSD e ao PS, não cedendo a acordos conjunturais; recentrar a sua posição no campo político, fazendo política com resultados; voltar a entrosar o partido com a sociedade madeirense e ser a Voz dos Autonomistas. No fundo, a receita que fez o partido crescer em 2011 e 2015 e torná-lo a segunda força política mais votada na Região. Vamos a Isto!