Crónicas

PSD ou Geringonça à Esquerda?

O que há a salientar é também o facto de alguns pequenos partidos estarem à beira de eleger um deputado o que seria sinónimo de pluralidade e pode gerar ainda mais confusão nas contas finais

Sondagens são sondagens e nunca é demais dizê-lo que a verdadeira será no próximo domingo dia 22 do corrente mês. Como dizia João Pinto (o antigo jogador do Porto), prognósticos só no fim do jogo. No entanto há alguns sinais importantes que podem ser alvo de análise, até mesmo a própria campanha que chega ao seu epílogo. Escrevi-o há um mês, que nestas eleições só podem existir dois finais. Ou a recondução do PPD/PSD nos destinos do Governo Regional por mais 4 anos ou caso estes não consigam a maioria absoluta uma geringonça ao estilo continental com a soma dos partidos da esquerda radical BE, CDU e PAN com o movimento JPP a somar ao PS com o único objectivo de impedir que sejam novamente as cores laranjas a assumir a liderança da Região.

Parece-me que foi evidente a desistência prematura do Partido Socialista pela vitória nestas eleições o que lhes pode custar os objectivos iniciais. Sempre foi assumido pelos socialistas que este era o ano da mudança, as sondagens assim o indicavam e o balanço parecia garantir-lhes uma ultrapassagem tranquila. Talvez por isso tenham menosprezado os partidos que os acompanhavam na Câmara do Funchal ou qualquer outro tipo de coligações uma vez que a confiança era de uma chegada em primeiro na linha da meta sem precisarem de amizades fictícias ou parceiros incómodos. A verdade é que parecem ter percebido com o andar da carruagem que já não iam lá e que por isso o melhor seria começar a piscar o olho aos partidos que ironicamente deixaram ficar para trás na coligação anterior.

Esta mudança estratégica que fez Paulo Cafôfo assumir mais do que uma vez como possível uma aliança à esquerda não parece ter caído muito bem em diversas pessoas que até estavam disponíveis para votar no PS mas que não pretendem ver o Partido Comunista nem o Bloco de Esquerda no poder. Foi, no entanto, a fórmula encontrada para que o próprio possa sair por cima mesmo com uma derrota eleitoral à semelhança do que aconteceu com António Costa no continente. Esse foi um dos problemas desta campanha. Pairou no ar sempre a sombra do primeiro-ministro na candidatura rosa e dela não se conseguiram livrar como se pôde constatar no arranque da campanha em Machico onde Costa assumiu papel principal. Isso fez com que o tema da Autonomia viesse para primeiro plano dando azo a que o PSD escolhesse a dependência da Madeira ao Poder Central como um dos principais perigos a evitar.

O próprio primeiro-ministro podia ter dado um empurrão ao PS-Madeira assumindo de uma forma mais concreta e contundente uma solução para o Hospital e para o problema da mobilidade mas ficou-se sempre pelas meias palavras o que acabou por esvaziar um pouco o balão das causas socialistas. Foi aí que Miguel Albuquerque se agarrou com unhas e dentes assumindo ele papel principal por exemplo no Chão da Lagoa e deixando Rio para segundo plano. Dizendo que no PSD Madeira mandam os madeirenses e não a estrutura central. A própria união de toda a estrutura laranja com vários desavindos a voltarem ao terreno e com o próprio Alberto João Jardim a dar uma ajuda ajudou a dar uma sensação de uma campanha com maior dinâmica de vitória, talvez pela experiência já adquirida e por uma equipa mais robusta.

O que há a salientar é também o facto de alguns pequenos partidos estarem à beira de eleger um deputado o que seria sinónimo de pluralidade e pode gerar ainda mais confusão nas contas finais. O Aliança mas também o PAN, o PTP e o Iniciativa Liberal podem por isso assumir papel decisivo e ser um deles o fiel da balança. Estou também curioso para ver o resultado do CDS que acabou por perder com o assumir de que queriam estar no próximo governo à força, fosse à esquerda ou à direita mas que podem também eles ser decisivos no alinhamento de forças, até porque me parece que terão melhor resultado do que as sondagens indicam. É por isso uma recta final que nos levará a um de dois caminhos. Ou a vitória do PSD ou a vitória de uma Geringonça que provavelmente precisará de CDU, BE, PAN e JPP ao lado do PS o que seria o cair do ultimo grande bastião social democrata em Portugal e o assumir de que o País virou decididamente à esquerda e rendeu-se ao Socialismo. Esperemos por domingo para saber. Seja como for não deixe de votar. É fundamental exercermos o nosso direito enquanto cidadãos e não deixar nas mãos de outros as decisões da Região.