Crónicas

Óscares - Filmes 2019

Se é amante de cinema como eu não deixe de ver ainda “Pássaros de Verão” (Colômbia), “Ayka” (Cazaquistão), “Nunca deixes de Olhar” (Alemanha ) ...

Para quem tem o hábito de criticar por tudo e por nada e que usa sobretudo a retórica do “ antigamente é que era” este será com toda a certeza um ano infeliz no que ao cinema diz respeito.É que voltámos a ter uma paleta dos bons , para todos os gostos e até cores. A fazer lembrar os Óscares de 2014 que nos trouxe no mesmo ano “ O Clube de Dallas”, a “Golpada Americana” , “O Lobo de Wall Street”, o “Capitão Phillips”, a “Gravidade” , “12 anos escravo” , “Her” ou “Blue Jasmine” e os estrangeiros “A Caça” e “Omar” só para enumerar alguns. Eu que sou um ávido consumidor de cinema e que gosto de diversificar as minhas escolhas fui “obrigado” a deslocar-me por diversas vezes às salas e a utilizar estas recentes plataformas como a “Netflix” e a “HBO” para satisfazer as minhas diferentes curiosidades.

Diria por isso que no que ao meu gosto diz respeito parecem-me surgir 3 filmes com naturais aspirações ao galardão. “Roma” do renomado realizador mexicano Alfonso Cuarón retrata um ano da vida de uma família da classe média mexicana , com o foco na doméstica que organiza a casa e cuida/educa das quatro crianças que compõem o agregado familiar.Cleo de origem indígena tem que lidar com um casamento em ruptura e um País em mudança num maravilhoso retrato autobiográfico filmado a preto e branco. Já “Vice” leva-nos para uma viagem política em boomerang com avanços e recuos no tempo mas que se centra num dos mais emblemáticos vice-presidentes norte americanos. Dick Cheney apesar do seu longo historial político assume o seu papel decisivo na administração Bush ( filho ) ficando conhecido pelo seu papel determinante em decisões de política tanto externa como interna. O filme com um elenco de luxo retrata o poderoso vice-presidente numa brilhante interpretação de Christian Bale mas não só. Sam Rockwell e Amy Adams ( dois dos meus atores preferidos ) voltam a não deixar os seus créditos por mãos alheias. Também “Green Book - Um Guia para a Vida” me despertou particularmente a atenção. Um desempregado de ascendência italiana que assumia os “trabalhos difíceis” numa discoteca em 1962 depara-se com a duplicidade de sentimentos ao necessitar de um emprego sólido para fazer face às despesas familiares e para orgulhar o seu Pai rezingão mas ao mesmo tempo por ter que “engolir” a oportunidade de acompanhar um famoso pianista negro numa digressão ao Sul do País ainda muito marcado pelo racismo fazendo de motorista e ao mesmo tempo de segurança. O temperamento diametralmente oposto dos dois torna a viagem num desafio pejado de emoções e que nos leva ao melhor dos sentimentos do que pode ser a construção de uma amizade em tempos complicados e perigosos onde a segregação racial era ainda lei.

Sendo estes os meus favoritos chamo ainda a atenção para uma série de filmes imperdíveis em 2019. A começar pelo “Infiltrado - BlackkKlansman” do irreverente Spike Lee que nos traz para o final da década de 70 nos Estados Unidos e para o primeiro agente negro na polícia do Colorado a ter que lidar com o movimento racista Ku Klux Klan, bem como “Guerra Fria” um romance a preto e branco entre duas pessoas oriundas de meios bem diferentes e que se desenrola precisamente em plena Guerra Fria na Europa.O libanês “Cafarnaum” em que um rapaz de 12 anos decide processar os próprios pais por se perguntar qual a razão para eles o terem trazido ao Mundo se não tinham condições emocionais e económicas para tratar dele é um dos que figuram na minha lista de preferidos.Digno de registo também “ Uma família de Pequenos Ladrões” do japonês Kore-eda sobre um casal muito pobre que recorre a pequenos furtos para sustentar a família ou ainda o brilhante desempenho de Rami Malek em “Bohemian Rapsody” embora ache que muito mais haveria por contar sobre uma minhas bandas preferidas os Queen.

Se é amante de cinema como eu não deixe de ver ainda “Pássaros de Verão” ( Colômbia ) , “Ayka” ( Cazaquistão ) , “ Nunca deixes de Olhar” ( Alemanha ) ou os americanos “Assim nasce uma estrela” , “No coração da escuridão”, “ À porta da eternidade” , “ Poderia-me perdoar?” , “A favorita” , “ O primeiro Homem na Lua” e ainda “ A Mulher” , “ Se esta rua falasse” e o Western “ Os irmãos Sisters”. Está dado o mote para uma grande gala dos Óscares 2019 mas sobretudo para que possa desfrutar do melhor que se vai produzindo no cinema por esse Mundo fora.