Crónicas

No CENTRO está a SOLUÇÃO

O CDS tem tudo para dar certo se tiver juízo e unidade. É verdade que o seu capital é hoje menor do que já foi

Neste início de ano, as peças do xadrez político regional movimentam-se a um ritmo acentuado tendo em vista a preparação das eleições regionais de 2019. Os resultados das autárquicas despoletaram uma série de lances em todas as forças partidárias e, em particular no PSD, que é maioria e governo na Região, cujo sinal mais evidente foi a remodelação governamental de outubro. Mas na oposição, as coisas não estão paradas: o CDS vai ter Congresso que esperemos venha a ser clarificador; o JPP institucionaliza-se e esboça o lançamento de um líder; o Bloco de Esquerda terá, pela primeira vez, disputa pela liderança; o PCP poderá conhecer mudanças em breve e no Partido Socialista, o confronto está ao rubro e daqui a dias se conhecerá a escolha dos militantes. Tudo isto em nome de diferentes objetivos, mas com um único alvo: vencer, condicionar ou influenciar as eleições regionais do próximo ano e a formação do Governo Regional até 2023. Está tudo em aberto, pois pela primeira vez, parece, quase certo, que nenhum partido conseguirá maioria absoluta, o que faz toda a diferença na estratégia que os partidos, nomeadamente os mais votados, vão adotar nos próximos meses.

O PSD vive momentos de indefinição, emparedado entre um jardinismo recuperado e uma renovação retraída, fruto do mau resultado das autárquicas, e procura um novo fôlego por via de uma remodelação que libertou o Presidente do Governo para as visitas e os afetos em tons “marcelistas” e ganhou um Vice com fama de decisor e trabalhador. O problema é que foram muitas as promessas e demasiadas as expetativas e o tempo e o dinheiro escasseiam. O descontentamento e a desesperança são grandes e, além disso, o Governo da República não vai facilitar, já que está apostado noutro cavalo. Resta o aparelho que ainda funciona e o eleitorado fiel.

No PS, está comprometida a união das esquerdas que possibilitou a vitória na Câmara do Funchal em dois atos eleitorais consecutivos. As dificuldades da geringonça a nível nacional, a luta fratricida entre os candidatos, e a estratégia congeminada nos Paços do Concelho, com envolvimento excessivo do seu Presidente na peleja da liderança socialista, apesar de provavelmente vencedora, pôs em causa coligações à esquerda, terá custos penosos para a unidade do partido e terá consequências eleitorais negativas, ganhe quem ganhar. Além disso, o processo judicial do Monte, a liderança por interposta pessoa e a tentação de usar o poder local para chegar ao poder regional poderá ser mal vista pelos eleitores. Vale, por enquanto, a popularidade do edil funchalense.

O CDS tem tudo para dar certo se tiver juízo e unidade. É verdade que o seu capital é hoje menor do que já foi, mas a sua implantação, a sua juventude, os seus autarcas e os seus quadros podem ser decisivos no futuro da Madeira. Para isso, precisa de chamar ao combate político os seus melhores; manter a sua Autonomia Estratégica em relação ao PSD e ao PS, não cedendo a acordos conjunturais; ser equidistante em relação aos Governos Regionais e da República e próximo dos madeirenses; recentrar a sua posição no campo político, fazendo política com resultados; sintonizar as suas posições com as aspirações das populações; voltar a entrosar o partido com a sociedade madeirense e ser a Voz dos Autonomistas. No fundo, a receita que fez o partido crescer em 2011 e 2015 e torná-lo a segunda força política mais votada na Região.

O CDS tem que ser um partido popular e mobilizador, de Projeto Reformista, claro, conciso, clarificador, que pense e projete a Madeira e o Porto Santo a 20 anos, e que galvanize as elites e o povo em volta de cinco ou seis metas de desenvolvimento e de crescimento económico e social.

O CDS deve voltar a ser um partido de Centro, como o seu nome o indica e quiseram os seus fundadores, capaz de dialogar com todos, sem perder a sua matriz e os seus valores, mas sabendo que a história e a globalização esbateram diferenças e tornaram mais ténues as fronteiras ideológicas.

O CDS pode ser uma síntese criativa do melhor da direita e da esquerda, não por via de pragmatismos cínicos ou tacticismos ocasionais, mas antes através de uma Plataforma de Afirmação de Ideias e Propostas capazes de construir uma Alternativa e fazer a Convergência.

No próximo artigo procurarei esboçar o que deve ser essa Alternativa protagonizada pelo CDS e pelo Centro para as eleições do próximo ano e que propostas e soluções deve ter para a Madeira e para o Porto Santo.