Crónicas

Meu querido mês de Agosto

Este mês assume para muitos o direito a ter uns dias de férias a que todos deveriam ter acesso

Aprendi a gostar deste mês desde que me conheço. A lei da vida fez com que nascesse mesmo a meio o que me impôs de imediato este como o meu preferido do Ano. Mas também as férias de Verão que aqui assumiam o seu epicentro. As recordações levam-me para momentos em que o tempo parecia não passar. As brincadeiras eram mais que muitas e a proximidade que sempre senti dos meus Pais transmitiam-me invariavelmente dias felizes que eram passados entre a espuma do mar, mergulhos bem dados, livros que me absorviam as noites e horas a fio passadas na praia em plena harmonia com o Sol, o calor e os passeios na areia fina. Escura quando em Espanha e mais clara pelo Algarve ou Nazaré. O gosto pelas temperaturas altas que suportamos melhor quando somos novos transmitia-me uma sensação de vivacidade que se embrenhava na minha pele e me dava energia suplementar.

Nos dias que correm continuo a gostar dele da mesma forma. Talvez o veja com olhos mais altruístas. Já não é só o meu mês mas o de todos os que merecidamente vão de férias. Quis a sorte que a minha melhor amiga comemore o seu aniversário precisamente no mesmo dia, o que como será bom de se ver dá azo a encontros e reencontros, grupos que se juntam e que celebram o que nos dá um gozo acrescido. Estarmos juntos no meio dos que se juntam para nós. Por nós. Engraçado que na minha infância o meu aniversário significava estar longe dos meus amigos (o que nunca me fez gostar menos dele) e hoje em dia significa precisamente o contrário. Circunstâncias da vida. Ganham-se umas coisas perdem-se outras. A verdade é que é graças aos que me rodeiam, os mais próximos, aqueles que estão cá sempre, que adoro comemorar o aniversário e sem eles não seria definitivamente a mesma coisa.

Parece-me no entanto que Agosto significa muito para muitos e que não se esgotará decididamente em mim. A começar pelos emigrantes que aproveitam esta altura do ano para regressar a casa. Não é por acaso que o título deste artigo reflete a música do já falecido Dino Meira dedicada a eles. Depois de meses de sacrifício alguns por terem que se sujeitar a trabalhos difíceis para dar mais aos seus filhos mas sobretudo por terem que se separar dos mais queridos esta é a altura para rever pessoas , conviver com os que estão longe, recordar os momentos passados e poder em alguns casos mostrar o aumento da sua capacidade financeira. Quem volta gosta de mostrar que está bem mas mais importante do que isso regressam porque é aqui que se sentem realmente bem. Adaptando a uma frase bem conhecida, podemos tirar uma pessoa de Portugal mas é extremamente difícil tirarmos Portugal de uma pessoa. Quem por cá passa cria um sentimento único , uma ligação afetiva por vezes bem difícil de explicar.

Mas também os que cá passam o ano inteiro que não serão menos importantes. Este mês assume para muitos o direito a ter uns dias de férias a que todos deveriam ter acesso. A possibilidade de que mesmo por momentos possam desligar um pouco de uma Vida cada vez mais extenuante, cansativa e pejada de pequenos problemas que nos toldam a capacidade de raciocinar e muitas vezes nos espartilham a própria respiração. Deveria ser por isso oportunidade para muitos refletirem e descansarem, recuperar energias para mais um ano de trabalho. Gostava que todos pudessem usufruir dessa tranquilidade, de uma Paz de espirito que só aparece a espaços e que nos ajudasse a encher o peito de ar para o que aí vem. Ainda para mais em Ano de várias eleições o que irá provocar uma agitação ainda mais intensa. Para os que ligam a Signos este é o mês do Leão. Eu não acredito em signos mas adoro ser Leão. Quem o é sabe do que falo :-)