Crónicas

Marcelo e as novas gerações

Não me entra na cabeça o facto de Marcelo ter ignorado na comemoração do Dia de Portugal e das Comunidades Portuguesas a Madeira neste ano tão especial dos 600 anos. A verdade é que o Presidente a quem eu reconheço mais virtudes do que defeitos (diga-se em abono da verdade) até pode ir nu (como na famosa fábula do Rei) que toda a gente aplaude e se “baba” só porque sim. Não me parece saudável até para a própria responsabilização do cargo “per si” que possam existir personagens acima de qualquer escrutínio e de qualquer dúvida, a começar pela imprensa. Isto de a ter do nosso lado tem na realidade muitas vantagens. Um género de photoshop social que nos carrega nas virtudes e passa um corretor nos defeitos.

Percebo e concordo que tente todos os anos dividir o indivisível que é o corpo humano e estar em dois, três, quatro sítios ao mesmo tempo mas alguém que lhe explique por favor que ainda não existe teletransporte e que eu saiba ainda está para nascer quem se possa gabar de ter o dom da ubiquidade. Acho por isso uma falta de respeito para com uma ilha muitas vezes esquecida pelos sucessivos Governos Centrais e uma desconsideração para com todos os madeirenses. Parece que como vêm aí eleições alguém lhe sussurrou ao ouvido para não vir, que não se metesse nisso, que era melhor não e o pastoso e meloso lá seguiu a recomendação. Voltámos aos portugueses de primeira e de segunda? Não encontro explicação plausível e acho a atitude grave. Fosse outra pessoa qualquer e armava-se já um pé-de-vento que nem é bom de imaginar mas é tão boa a maquilhagem que ai de quem levante a voz que aqui-d’el-Rei lá vem a tropa fandanga e todos os soldadinhos de chumbo em sua defesa.

Sou sempre um espectador atento das novas gerações e como muitos saberão um incentivador nato de que estes apareçam, mostrem o que valem, se cheguem à frente. E nós felizmente começamos a ter aqui e ali laivos de qualidade mas acima de tudo de honestidade e transparência tão necessários para credibilizar uma classe política velha e gasta. É por isso com natural orgulho que vejo o Bruno Melim e outros a mostrarem as suas qualidades. Para mim é já, ao dia de hoje, uma das grandes figuras do PSD e uma voz fortíssima na defesa da juventude no seu todo. Existirão outros por cá, de outros partidos seguramente, mas tem sido este jovem desempoeirado e reivindicativo, por vezes inconveniente até para o seu próprio partido, que me tem chamado à atenção. Fica-me na retina o discurso no último congresso, a sagacidade com que pede uma revisão constitucional sobre a Autonomia mas também as novas ideias e o apoio aos jovens que para cá vêm estudar assim como a defesa de uma Bolsa para a Arte e a Cultura o Balcão Jovem e a revitalização da Festa da Juventude são opções que me agradam e que fazem sentido. Mas um olhar atento também à importância que dão aos idosos através das visitas aos lares mostra uma sensibilidade social apurada. Um nome a reter para o Futuro mas sobretudo na construção do Presente.

Não queria também deixar de referir mais uma vez a Liliana Rodrigues. Primeiro porque também ela é ainda uma jovem política a dar cartas mas sobretudo pelo seu fantástico trabalho no Parlamento Europeu, tanto na luta incessante por uma Política de Coesão mais justa conseguindo uma taxa de co-financiamento de 85% para as regiões ultraperiféricas para o período 2021-2027 bem como na integração da Madeira e dos Açores no Programa de Cooperação Territorial Europeia (Interreg) algo que não estava salvaguardado no documento original. Uma eurodeputada que tem feito do seu trabalho o seu cartão de visita e não tem precisado de se colocar em bicos de pés para ser muito valorizada entre os seus pares.