Crónicas

Dia Internacional de quem?

Os homens não foram, não são nem nunca serão iguais às mulheres. Têm formas de pensar diferentes e distintas condições físicas

A equidade entre homens e mulheres sempre foi para mim algo intrínseco que desde cedo aprendi a respeitar e valorizar nas minhas atitudes e escolhas. Com naturalidade porque nunca no meu raio de visão consegui vislumbrar as coisas de outra forma. Porque acho que deve fazer parte da nossa forma de pensar e agir. Sempre achei por isso ridículo este Dia Internacional da Mulher que se comemora hoje. Porque sempre me soou a esmola e a falsidade. Como aquele Pai que está ocupado e compra um chupa-chupa ao filho para o manter ocupado mais 15 minutos. Numa sociedade evoluída sub entende-se que todos os dias devem ser das mulheres e dos homens, de todas as raças e credos, dos mais novos aos mais velhos independentemente da classe social, da localização geográfica ou da condição económica.

É no entanto mais um dos pertences da hipocrisia reinante da qual faz parte também por exemplo o Dia dos Namorados que mais não é hoje em dia do que aquela altura do ano em que certos casais se lembram uns dos outros e da cumplicidade que deveria ser apanágio o ano inteiro mas que serve apenas como rebuçado para os que tentam ainda manter a chama das relações como quem diz “vá, escolhe lá um restaurante para irmos jantar fora e não me chateies o resto do ano que já fiz a minha parte”. Eu não consigo ver a vida dessa forma e custa-me por vezes ver mulheres festejar de forma estranha este dia que não representa mais do que a falta de equilíbrio e a superioridade do masculino que caracterizou séculos e séculos de convivência.

Da mesma forma que tenho por vezes dificuldade em perceber algumas ditas feministas a dançar e cantar músicas de Funk brasileiro com letras no mínimo ofensivas para a sua condição de mulher mas lá está cada um faz o que quer. Acho no entanto que é fundamental centrar a discussão em dois pontos absolutamente decisivos. Em primeiro lugar aquilo que considero ser de facto um problema entre géneros. A mulher vista como objecto sexual. Neste aspecto, temos ainda um longo caminho a percorrer, acima de tudo os homens porque continua por cá enraizada a promoção ou contratação de pessoas do sexo feminino derivada da atração física provavelmente com o “sonho” de poderem estar mais próximos de alguém que os excita de alguma forma. Vemos isso nas piadas e olhares recorrentes em todo o lado. Seja na política ou no desporto, na escola ou no trabalho. Esse entendimento retrógrado e primitivo tem obrigatoriamente que ser combatido.

Outro fator que julgo ser importante realçar tem a ver com a diferença entre igualdade e equidade. Os homens não foram, não são nem nunca serão iguais às mulheres. Têm formas de pensar diferentes e distintas condições físicas. Não acho que seja positivo que uma sociedade veja todos como iguais, nem considero que se deva acabar com a magia que existe entre uns e outros. O cavalheirismo, as diferentes sensibilidades ou o entendimento sobre a maternidade e o respeito. Considero por isso que brindar as mulheres com um dia Internacional por ano ou com quotas em certas posições da nossa sociedade é ofender a honra e a importância que elas têm hoje em dia no Mundo em todas as áreas e classes. Estamos por isso a deitar areia para a cara e a adiar a questão de fundo. Dotar a sociedade de iguais oportunidades e acessos. Todos diferentes , todos iguais. Equidade e meritocracia.