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Crónicas

Código de Guerra : COVID-19

Numa altura em que ninguém se entende devemos ser nós enquanto população a dar uma prova de maturidade

O caso é grave. Já era expectável, dado o crescimento galopante de casos em todo o Mundo. No fundo, é o reflexo do caos social e político em que vivemos. Para não variar, não foram tomadas medidas atempadas ao contrário de países como Macau e a China, em que se colocaram populações de quarentena e o numero de casos tem-se vindo a mitigar, não se registando nenhum há mais de um mês na antiga região administrativa portuguesa. Por cá gozámos com as máscaras e com o fecho de estabelecimentos noutros países.Nós, para variar, como no resto da Europa, colocámos mais uma vez a economia à frente da saúde, esquecendo-nos de que não existe a primeira sem a segunda. Moral da história, para não levantar alarmismos supostamente desnecessários, ficámos especados, impávidos e serenos à espera do embate. Quando os casos começam a aparecer em catadupa no nosso País, vamos fechando os espaços e instituições às “mijinhas”, adiando um problema que deveria ter sido resolvido com prontidão e sem contemplações. Mas já é típico desta Europa podre, da condescendência e do faz de conta. Agora com a casa arrombada tentam colocar-se trancas numa porta completamente escancarada e perfurada por todos os lados.

Portugal está sem Rei nem Torre e mais uma vez verificamos que não estávamos preparados para nada disto ao contrário do que foi sempre propalado.Pessoas fechadas em carros e em casas de banho de centros de saúde, escolas a fecharem à vez , é o “salva-te como puderes” a várias velocidades.Cada um por si. Não aprendemos nada com as notícias que vêm de fora. O habitual. É tempo por isso de tentar reagir com cabeça e não entrar em paranóia. De sermos e estarmos todos unidos contra um inimigo comum. Altura para nos respeitarmos e lutarmos em conjunto. Para pelo menos fazermos as coisas bem feitas se não pelo civismo que alguns nunca terão que seja pelos que nos são mais próximos, mas que o façam. Evitar espaços públicos e grandes ajuntamentos de pessoas, ter um cuidado extra com a higiene e a limpeza, seja das mãos ou da cara. Deixar os cumprimentos e abraços para depois. Cumprir à risca os processos de quarentena e perceber que o País vai ter que fechar obrigatoriamente por uns dias e que isto não significam férias. Tenho visto casos aterradores de pessoas que foram postas de quarentena por virem de países de risco, as empresas enviaram-nos para casa e eles em vez de respeitarem as normas continuam no ginásio, nas jantaradas e nos copos.

Numa altura em que ninguém se entende devemos ser nós enquanto população a dar uma prova de maturidade. Entrar em pânico não nos leva a lado nenhum e só piora a situação mas não é altura para ignorarmos o problema e enchermos as praias à espera que isto passe.Parece-me que o mais sensato por esta altura será evitar os riscos de exposição, resguardar os nossos filhos mas sobretudo os pais e avós de uma forma cautelosa, sem os histerismos de corrida aos supermercados que temos visto um pouco por todo o lado, a fazer lembrar os famosos filmes de cinema de suposta ficção científica que retratam cenários apocalípticos.Manter a calma mas sobretudo a ordem, porque não nos interessa que a uma crise de saúde se junte uma crise social onde impere a desordem , o crime ou o medo.Serão por isso tempos difíceis os que se aproximam, onde será posta a prova a nossa responsabilidade cívica e em que a nossa resposta conjunta perante o problema será determinante para a sua resolução.

Sejamos por isso responsáveis, naquilo que é o respeito do nosso espaço e o dos outros. O que para um povo como o nosso não me parece tarefa fácil. Não vale a pena tapar o sol com uma peneira e tentar esconder o que se está a passar. Esse é o primeiro passo para solucionarmos esta crise , tomando consciência que ela existe e partindo para o encontro das respostas adequadas à mesma. Ocultar o que se está a passar é que gera o pânico. É fundamental nesta fase uma comunicação assertiva. Esclarecer a sociedade dos cuidados que deve ter. Está na hora de cerrarmos fileiras e assumirmos (cada um de nós ) um papel decisivo nesta guerra que não escolhe fronteiras , raças ou credos. Que nos envolve a todos e que a todos direta ou indiretamente chegará. Como não sabemos quanto tempo vai durar nem é conhecida a cura e com o SNS já a rebentar pelas costuras o melhor mesmo é tomarmos todas as precauções possíveis.

P.S. Ver na casa de banho do aeroporto uma pessoa de máscara sair sem lavar as mãos é sintomático do que nos espera...

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