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Um novo caminho

Os níveis de abstenção subiram dos 44,14% de 2015 para os 45,50% de 2019

Numa arruada de fim de campanha eleitoral em Lisboa, António Costa, abordado por um cidadão de maior idade, não conseguiu estar à altura das palavras elogiosas de Manuela Eanes que poucos dias antes realçara publicamente a sua integridade e dimensão ética. Mesmo assim, desta vez, acabou por alcançar o maior número de votos, precisamente a mesma percentagem que José Sócrates em 2009: 36,6%. Pela primeira vez, António Costa será Primeiro Ministro vencendo as eleições Legislativas Nacionais. Não venceu em 2015. E, apesar da coincidência do resultado com o de José Sócrates, esperamos verdadeiramente que não cometa os erros que levaram Portugal ao colapso e à intervenção externa que, por sua vez, acabou por condicionar decisivamente a posterior governação de Pedro Passos Coelho.

Os resultados eleitorais confirmaram, ainda, um dos registos mais preocupantes da nossa democracia participativa, um registo que continua a impor aos políticos uma reflexão profunda: os níveis de abstenção subiram dos 44,14% de 2015 para os 45,50% de 2019. Em relação às últimas Legislativas Nacionais, as mesas de voto receberam menos 288.027 votantes. E nem o apelo do Presidente da República conseguiu contrariar essa tendência preocupante de crescimento da abstenção. Na Madeira tivemos agora nas Legislativas Nacionais uma abstenção de 49,71%, depois dos 44,49% registados nas Legislativas Regionais de 22 de setembro, compreensivelmente mais participadas. Existe naturalmente um caminho importante de credibilização e confiança a percorrer.

E, depois da vitória nas eleições Europeias e nas Legislativas Regionais, o Partido Social Democrata volta a alcançar mais uma vitória na Madeira, matematicamente inequívoca. Continuará a governar de uma forma responsável, séria, determinada, com grande consistência, competência e firmeza, construindo sobre a nossa história um futuro equilibrado e sereno, num projeto político ambicioso no qual me revejo e que me faz percorrer este novo caminho.

Tudo tem o seu tempo, o tempo certo, e, como havia anunciado em janeiro deste ano, chegou o momento de assumir novos desafios e de percorrer novos caminhos. Espero sempre poder trazer algo de novo, uma nova esperança. É efetivamente para mim uma honra integrar agora a Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira. Fá-lo-ei como sempre, de uma forma genuína e transparente, com humildade, com paixão, com enorme sentido de missão e de responsabilidade institucional. Manter-me-ei fiel a tudo o que sempre defendi. Estarei à altura da confiança que depositaram em mim. Numa aproximação ao poeta, direi que porei sempre quanto sou em tudo o que faço. Serei eu. Hoje, mais do que nunca, coloco-me ao dispor da Madeira.