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Um mundo redondo sem portas

O “mundo” é um sítio fabuloso no sentido de que a maior parte de nós só conhece este “mundo”. Se substituir o adjectivo “fabuloso” pelo “horrendo”, este enunciado permanece válido para uma outra parte da humanidade, conforme a sua experiência, vivência ou “estado d’alma” do momento (o que aliás, é o mais comum tal a voracidade do tempo sem “tempo” de reflexão). Estamos sempre engaiolados neste “mundo”. Quer pelas limitações do horizonte, das posses para ver outro horizonte de outra terra ou de outro mar, ou até pelo simples limite físico do nosso globo terrestre.

A infeliz Isabel dos Santos sempre esteve limitada à fortuna que o seu progenitor lhe proporcionou, pois em várias geografias só acumulou imóveis de milhões, o que enfastia a sua mundividência, pois é como comer hambúrgueres da mesma marca em qualquer capital da globalização. É algo chato e destituído de assombro. Ainda para mais agora, está limitada no Dubai após a mais estonteante “novidade” da origem dos seus fundos, revelado pelo engaiolado Rui Pinto, e que expurgou a mulher mais rica de África das bem lavadinhas carpetes vermelhas portuguesas, por onde um séquito de bajuladores execráveis agora chocados e assépticos, sempre lhe prestaram vassalagem. Igualmente de saída está outra “princesa”, também negra e oriunda doutra ex-colónia africana, que é a deputada portuguesa eleita pelo Livre, que dela se livrou ao “deportar” a sua confiança política. Ela perde a confiança, mas a folha de pagamentos da Assembleia da República não a perde. E num início de ano com saídas, finalmente o Reino-(ainda)-Unido saiu da (des)União Europeia, agora reduzida a 27 membros. Registe-se a data a poucos dias depois comemoração do 75º ano da libertação do campo de Auschwitz-Birkenau. Somos um mundo agora apaziguado, apenas em guerra com o coronovírus e as alterações climáticas. Já não precisamos mais de dar as mãos uns aos outros, ou não tivéssemos homens-bons como estadistas da craveira de Trump, Bolsonaro, Putin e uma Europa tão determinada e unida como aquela que somos. E na senda das saídas, há um êxodo da China. Não apenas de todo o tipo de exportações a que estamos habituados a consumir por bagatelas sob a exploração intensiva de recursos e seres humanos. Mais uma vez e oriunda daquela parte do globo, emerge nova “praga” viral de contornos apocalípticos, que evidenciam o óbvio consentido: um país medieval na suas práticas sanitárias, mas cuja importância económica global, faz com que a Organização Mundial de Saúde declare a actual emergência de saúde pública de interesse internacional com muitas pinças e pruridos, fazendo notar que nada dessa declaração exarada dum comité científico, seja algo contra a China. Imagine-se se o epicentro da epidemia fosse num qualquer país da África subsariana em vez do país do sacrossanta nação do partido comunista chinês. Há venenos bem tolerados pelas escancaradas portas do ocidente.