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Treinadores de Bancada

Nem sequer foi possível definir, claramente, em que consiste a Medicina Nuclear e a Radioterapia...

Tinha jurado a mim mesmo que não iria escrever sobre Saúde, mas é quase impossível.

Tivemos mais uma semana negra no que à Saúde diz respeito. A reportagem da TVI, sobre a medicina Nuclear no hospital Dr. Nélio Mendonça, veio ajudar a levantar uma onda de suspeições que contribuiu para agravar o ambiente de tensão que se vive no sector, há demasiado tempo.

O “debate” sobre o tema, promovido pela RTP Madeira, não contribuiu em nada para fazer sossegar as pessoas. Antes pelo contrário: patenteou os ódios, os pequenos interesses, a falta de consistência do sistema, a deficiente educação de alguns, tentativas de criar paladinos da justiça e heróis, onde não existem.

Não esclareceu nem sossegou as pessoas. Não esclareceu nem clarificou as situações. Aumentou a nuvem de fumo negro que paira sobre a Saúde.

Nem sequer foi possível definir, claramente, em que consiste a Medicina Nuclear e a Radioterapia...

O episódio TVI, quanto muito, fez vir a público guerras e guerrilhas, há muito existentes, em que ninguém é dono da verdade ou da razão e espoletou os habituais ódios acéfalos de quem nada sabe de concreto, nem quer saber, mas aproveita situações deste tipo para destilar ódio, frustrações diversas e angústias, nos cafés e nas redes sociais.

Serviu e irá servir como arma de arremesso em período eleitoral com a utilização de argumentos que de informados, sérios e consistentes, nada terão. Apenas porá em evidência a impreparação e a falta de formação e de informação séria por parte dos seus utilizadores.

Já serviu de pretexto para a possível criação de uma distinta Comissão de Inquérito na Assembleia Regional cujo produto, a julgar pelas experiências passadas, será muito perto...do zero.

Ninguém irá procurar aproveitar a situação para ir ao cerne das questões e promover uma discussão séria e informada sobre o tema que possa servir para que se gerem consensos propiciadores de atitudes tendentes a melhorar o que está bem e corrigir os erros passados e presentes.

Infelizmente as capacidades evidenciadas, quer pelos defensores do estado de coisas, quer pelos seus detractores, não tem assentado em argumentos politicamente consistentes nem tecnicamente defensáveis.

Não sendo obrigatório que todos sejam especialistas na matéria, seria aconselhável que procurassem suporte, para as decisões de uns e para as críticas de outros, em princípios internacionalmente aceites, na observação atenta do que melhor se faz no país e pelo mundo fora e no apoio de quem, seriamente e sem os óculos distorceres de paixões partidária ou interesses ocultos, estuda os assuntos.

Não é previsível que haja, por parte de quem detiver o poder, a intenção e a capacidade para repensar o Serviço Regional de Saúde e o Sistema Regional de Saúde e a coragem e a determinação para efectuar uma intervenção séria e geradora de melhorias, a médio/longo prazo, independente de ciclos políticos e de interesses pessoais ou de grupo.

Com atitudes como as que têm aparecido a público, o que beneficia a sociedade? Nada.

O que beneficia a Saúde? Nada.