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Trabalhar em segurança

Este mês atrasei-me a escrever a minha coluna, e entretanto deu-se o acidente do Caniço. Achei que seria útil esperar mais uns dias, e deixar a poeira assentar, antes de escrever sobre o que me passou – e passa – pela alma.

Não posso dizer que, ao longo de todos os anos que trabalhei como guia, tenha tido um mau motorista de autocarro. Em termos da condução, uns melhores que outros, alguns (bastantes) óptimos, alguns (menos) fantásticos. Em termos da condução e capacidade de controlar estes mastodontes em estradas menos que ideais, confio em 99% dos motoristas com quem trabalhei. Em termos de relacionamento, e no domínio das relações interpessoais, talvez menos, mas a verdade é que estas são capacidades secundárias. Mas nem é aqui que quero chegar.

O que quero aqui deixar é uma homenagem a todos estes profissionais. Que todos os dias fazem o seu melhor para levar pessoas de um lugar para outro, muitas vezes em horas impróprias, em dias impróprios, com ritmos impróprios, e por vezes com colegas impróprios.

Gostava que todos os respeitassem, pelos esforços que fazem para cumprir as suas funções, e por manter a economia da ilha a funcionar, o que decorre de todas as suas actividades (turismo e serviço público). Gostava que todos lhes facilitassem a vida, tornando o seu trabalho mais simples, mantendo livres as suas docas de paragem e estacionamento, e criando novos locais de paragem, seguros e legais, e dando-lhes o espaço de que necessitam, nas estradas da ilha e no trânsito. Que implementassem sistemas de forma a protegê-los de eventuais abusos das entidades patronais (nomeadamente a aplicação de legislação europeia em termos de tacógrafos digitais com cartão).

Gostava ainda de lhes dizer que, pela minha parte, me sinto seguro nas suas mãos, e que tenho a certeza que fazem tudo o que podem e sabem para nos manter seguros e confortáveis nas estradas da Madeira, seja qual for o tipo de serviço que desempenham.

A todos os profissionais de transporte pesado, obrigado.