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Saudades do futuro

Eu estou preocupado...Os últimos indicadores de turismo, publicados ontem pelo DN, apontam para (mais) quebras, e pior, em quebras acumuladas. O pior, para mim, não é tanto a quebra dos números na procura, mas a quebra em rendimento e em estada média.

Preocupa-me também, neste contexto, o discurso evidenciado pelo Governo Regional. No mínimo esperar-se-ia uma intervenção pública de um responsável, ou do chefe do Governo, dada a importância do sector para a economia regional, a dizer que tem noção do que se passa, que é grave, e do que está a ser feito (se algo...) para minorar ou resolver o problema.

Na minha perspectiva é necessária uma mudança de paradigma. Uma mudança que passe pela proibição de abertura de novos hotéis e alojamentos, por uma requalificação profunda de toda a oferta turística (hoteleira e outra) na Madeira e Porto Santo, e por uma aposta clara na qualidade, e não no número.

Procurar assegurar novas ligações e aguentar as existentes, de preferência com companhias de aviação tradicionais (por oposição a low cost), na espectativa que também isso permita qualificar a procura, que é afinal o objectivo último.

O nosso mercado tradicional era há uns anos apontado pela União Europeia como sendo o que tinha mais rendimento disponível. Mas para este público há que investir menos em festinhas e festivais e começar a fazer esforços no sentido de garantir a qualidade da paisagem e do ambiente, nomeadamente em termos de ruído.

Falta também o mais básico. Que é divulgar o que se quer e o que se faz, e avaliar estes esforços. Promover estudos que permitam compreender o passado, mudar o presente e planear o futuro. Porque uma procura mais qualificada pagará mais e permitirá compensar mais os trabalhadores madeirenses e garantir melhores retornos pelo investimento dos empresários insulares.

A alternativa é continuar como estamos, e assistir a quebras de 4% a 5% por ano nos proveitos gerados. E não é a criação de novas divisões no Turismo que vai evitar o descalabro...