Artigos

Respeitar e realizar a Autonomia

Para António Costa a Madeira continua a significar uma mera obsessão pelo assalto ao poder

“A primeira coisa que quero fazer, ao chegar na minha primeira visita oficial à Madeira, é saudar efusiva e amigavelmente, calorosamente a população da Madeira e do Porto Santo”, referiu o Dr. Francisco Sá Carneiro, numa conferência de imprensa à chegada à Madeira, a 26 de Julho de 1980.

Continuando, o Primeiro – Ministro afirmou que ambas as ilhas do arquipélago da Madeira, “são terras para mim bem conhecidas, populações que antes sempre me apoiaram, com uma grande amizade, e às quais estou ligado há muitos anos. Para elas é-me grato dizer esta palavra”.

Ao caracterizar, de seguida esta deslocação como “uma visita de trabalho”, o Chefe de Estado salientou que “o Governo da República e os Governos dos Açores e da Madeira trabalharam sempre, desde a nossa posse, dia 03 de janeiro, em íntima colaboração. Era isto necessário para fazer avançar e consolidar a Autonomia, não nas declarações retóricas ou nas palavras, mas ao nível das realizações e dos actos”.

“E assim se progrediu”- sublinhou o Primeiro – Ministro. “Concluímos no entanto que era útil uma vinda de uma delegação do Governo à Madeira para avançar em contacto directo com alguns “dossiers” mais complicados que exigiam conversações mais laboriosas e uma consulta direta com os serviços”.

O então Primeiro-Ministro, Sá Carneiro realizou o Conselho de Ministros na Madeira conjuntamente com o plenário do Governo Regional para fazer avançar e consolidar a Autonomia, “não nas declarações retóricas ou nas palavras, mas ao nível das realizações e dos actos”.

Francisco Sá Carneiro, a quem devemos muito pelo exemplo e pela conquista da nossa Autonomia, fez questão de agendar uma visita de trabalho à Madeira e de reunir o Governo da República com o Governo Regional da Madeira, no Palácio de São Lourenço.

Não se limitou como outros, a proferir palavras vãs acerca da Autonomia, ou a fazer anúncios e a prometer tudo e mais alguma coisa.

Poucos meses após ter tomado posse como Primeiro - Ministro de Portugal, Sá Carneiro procurou conhecer de perto os problemas dos madeirenses e porto-santenses e respeitou como ninguém os órgãos de governo próprio autonómicos da nossa Região, ao deslocar o Governo da República à Madeira com o propósito de reunir com o Governo Regional.

Não foi preciso enviar cartas, tecer duras críticas, fazer grandes reivindicações, agendar reuniões em Lisboa, ou esperar pelo resultado de grupos de trabalho, para que o Governo da República de então tivesse a iniciativa de se deslocar à Madeira para conhecer de perto a nossa realidade e procurar resolver os nossos problemas.

Num tempo como o nosso em que imperam as visitas eleitoralistas, as “selfies”, os beijos e os abraços da Republica que não resolvem os nossos problemas, é reconfortante olhar para o exemplo deste Grande Estadista Português.

Conforme fez questão de referir, para Sá Carneiro, a visita à Madeira foi “de realizações e de trabalho” e não uma mera visita de representação ou uma qualquer visita protocolar.

Entretanto, em 2019, para António Costa a Madeira continua a significar uma mera obsessão pelo assalto ao poder.

O actual Primeiro-Ministro nunca agendou nenhuma reunião de trabalho ou algo que se pareça, com os órgãos de governo próprio da Madeira.

António Costa também não procurou resolver nenhum dos principais problemas que afligem os madeirenses e porto-santenses, pelo contrário utilizou todos os expedientes possíveis para adiá-los.

As escassas visitas que realizou à nossa Região limitaram-se a fins eleitoralistas, a anúncios vazios e à promoção do seu candidato.

O Governo socialista nunca escondeu que vale tudo, para tomar de assalto e dominar a nossa Região desde Lisboa.

É por isso que não estranhamos que António Costa e os socialistas tenham escolhido a Madeira como o local da sua “rentrée” política no final de Agosto.

E que no final do mandato, o Primeiro – Ministro venha agora anunciar a criação de um novo órgão denominado “Conselho de Concertação das Autonomias” e que consta do programa eleitoral socialista.

Esta é a estratégia de sempre, de quem não pretende resolver os problemas, mas faz tudo para adiá-los.

Este é o modus operandi de António Costa e destes socialistas que não respeitam os órgãos de governo próprio da Região e para quem a Autonomia é um palavreado necessário para tentar dominar à distância os madeirenses e porto-santenses.

É chegada a altura de voltar a dizer basta.

Precisamos de um Governo da República que respeite a Autonomia, que trate a Região de forma institucional e que procure conhecer e resolver os problemas dos madeirenses e porto-santenses.

Precisamos de alguém que passe das palavras aos actos e que siga o exemplo de outros de respeitar e realizar a Autonomia.