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Reconstrução pós-COVID-19 é nova oportunidade para a Europa

A crise pandémica colocou à prova as principais instituições europeias. De repente, um vírus invade o mundo e põe a descoberto um conjunto de fragilidades do projeto europeu. A resposta tardia e descoordenada dá azo a manifestações de nacionalismo e protecionismo de diversos Estados Membros. Acentuam-se divergências e o pilar europeu da Solidariedade apresentou algumas fissuras entre “o azimute cartográfico 0º e 180º”.

Com a Covid-19, instaura-se a crise económica que promete ser das maiores de sempre, já comparada pelo FMI à Grande Depressão.

Sabemos que a Europa tem sido um projeto de construção. Que a cada crise criou uma oportunidade de sair mais forte e unida. Este é o desafio que tem pela frente: sairá da crise do coronavírus se se mostrar capaz de conduzir bem a reconstrução económica e social.

O choque foi simétrico. Logo a crise não pode ser apenas combatida a nível nacional. Exige-se uma resposta europeia, claro! Mas, não perca Portugal, com assento direto na mesa das decisões, a coragem política de clamar por solidariedade e apoio em virtude do impacto na nossa economia, que se distingue, e muito, de outras economias europeias.

Portugal, e sobretudo Regiões como a nossa Madeira, cujo peso do Turismo no PIB é preponderante, precisam, sem margem de dúvida, de apoio europeu. Temos clamado por medidas equitativas desse ponto de vista. Uma delas seria o apoio financeiro, com base no critério do peso no PIB. Mas estamos cientes de que Estados Membros com capacidade de endividamento para financiar uma reconstrução serão fortemente oponentes a Países que, como o nosso, têm (infelizmente) dívidas acima dos 120% e não poderão responder, sem ajuda externa.

É urgente apoiar, a curto prazo, a tesouraria das empresas e ajudar as famílias. Aqui, tem estado bem o Governo Regional da Madeira, agindo com coragem política e com medidas acertadas, muitas delas de cariz social bem vincado. Agora, é necessário continuar a concretizar.

Mas é importante pensar o futuro pois não será ténue em adversidades.

Importa garantir, no Quadro Financeiro Plurianual (2021-27), entre outros, um Mecanismo Permanente de Gestão de Crises na União, a definição de uma Estratégia Europeia sustentada e sustentável para o Turismo e uma linha de orçamento que lhe dê suporte.

A Comissão Europeia apresenta, no próximo dia 13, um plano de recuperação que se espera arrojado. Esperemos que o Governo da República esteja à altura das suas responsabilidades e defenda Portugal, ao invés de defender o seu Ministro das Finanças.

E não, a Madeira não está satisfeita com este adiar de reuniões do Conselho, da Comissão e do Eurogrupo. Não pode estar satisfeita. As soluções apenas são robustas se, quando aplicadas, surtirem efeitos positivos na vida das pessoas e das empresas.

Hoje, exige-se, aos políticos, coragem para fazer ressurgir uma Europa forte, unida e solidária. Uma Europa que desperte o sentimento de orgulho nos seus cidadãos pela partilha de valores comuns, alicerçados em séculos de história e trabalho de grandes homens e mulheres.

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