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Projetos que nos orgulham

Lembro-me, ainda não imaginava Jorge Carvalho vir a ser Secretário Regional da Educação, das conversas que tínhamos sobre as desigualdades do sistema. Ambos dirigentes associativos e professores de formação, lamentávamos o facto de haver crianças que, não pela sua falta de capacidades, mas na maior parte das vezes por falta de condições e apoio, não conseguiam alcançar os objetivos propostos. Confidenciava Jorge Carvalho na altura, que tinha alunos com grandes capacidades e que não se traduziam em resultados e muitos abandonavam a escola. Era preciso olhar para um conjunto de alunos de forma diferente, pois tinham necessidades diferentes e precisavam de uma ajuda diferenciada.

O projeto das turmas de nível foi muito polémico quando foi apresentado, pois dizia-se que iria criar discriminação entre alunos, que as escolas iriam deturpar o conceito e fazer a turma dos maus e bons e que as crianças se sentiriam marginalizadas.

Foram poucas as pessoas que publicamente apoiaram este projeto. Eu fui das poucas que manifestou agrado com esta medida. A verdade é que decorridos estes anos, as escolas que aderiram a este projeto tiveram resultados muito positivos. 20% era a taxa de retenção (incluindo abandono escolar), hoje esse número está abaixo dos 2%.

Cumprindo a génese e essência das turmas de nível, que olham para os alunos de forma mais individualizada, respeitando os diferentes ritmos de aprendizagem, envolvendo toda a comunidade escolar incluindo a família, permitindo que o trabalho escolar seja feito na escola (uma vez que muitas vezes é impossível, em casa, fazê-lo com o mínimo de suporte), este projeto traduziu-se em mais motivação e melhores resultados. Uma criança ou jovem que não tem grande suporte em casa (pelas mais diversas razões que pode passar pela eventual fraca escolaridade ou até ausência de disponibilidade dos pais, etc., etc.), se tiver todas as respostas na escola que lhe permitam o sucesso escolar, terá mais hipóteses de ter um desenvolvimento de excelência.

Entretanto houve outras escolas que adaptaram o conceito e criaram, o que irei chamar de “turma de recuperação”, onde os alunos só a integram de forma a ultrapassarem as suas dificuldades pontuais.

A verdade é que já se chegou à conclusão que não se podia continuar a tratar todos por igual, nivelando, ora por cima, ora por baixo, conforme a conveniência social.

Esta medida não é feita para ricos ou pobres, é uma medida que visa o sucesso escolar das crianças e criar-lhes igualdade de oportunidades para um futuro mais risonho. Este, é de facto outro dos projetos deste governo que nos podemos orgulhar e que visa equidade do sistema.

P.S- Francisco Santos, ex- Secretário da Educação, anunciou recentemente em artigo de opinião, que deixará de residir na ilha. Poucos, se calhar, se lembrarão, mas foi pioneiro em muitas medidas e transformou a educação na Região, numa altura em que era preciso fazer tudo. Espero que lhe seja feita a justa homenagem.

P.S- Mais uma vez, uma mulher perde a vida às mãos de um homem, em quem julgava poder confiar. “Esterinha” como carinhosamente lhe chamavam, era conhecida pela sua alegria de viver e amor aos filhos. Conhecia-a de vista e apresentava sempre um sorriso. A família vai precisar de muita força. Para todos os que sabem que alguém é sujeita a maus tratos, denunciem. Por favor, não se calem. Temos de por estes monstros na cadeia.

P.S- Peço desculpa aos leitores este último paragrafo tão pessoal. O meu João faz hoje 8 anos e tem sido uma verdadeira aventura ser mãe. Parabéns meu bebé.