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Pessoas-Animais-Natureza e o PAN

O Natal está a chegar espero que o PAN não se lembre de alterar a tradição do presépio pois o burro, o boi e os 3 camelos fazem parte

Todos devemos estar orgulhosos por viver numa democracia onde as minorias são ouvidas e aplaudidas. É um claro sinal de maturidade democrática. Obviamente que nesta equação não entram as autointituladas vozes das minorias que estão acopladas no governo da nação. Entre o oportunismo e a real convicção nas palavras ... faz o que eu digo; não faças o que eu faço! ...

Sobre o PAN:

Não é tarefa fácil ser uma espécie, de espécie em contramão. Aquela chalaça que se conta (e esta podemos contar pois não tem animais) daquele condutor que vai em sentido contrário e diz para si: estes tipos estão todos malucos, é aplicável ao PAN.

No momento em que o país está com a agenda mediática na bola de ouro e nas trafulhices dessa escolha; no animal de duas patas que agrediu violentamente na via pública a rapariga grávida de 9 meses; no orçamento de estado e nos truques que se avizinham para 2019, vem o PAN e brinda-nos com a castração da língua portuguesa na sua componente da sabedoria popular.

Confesso que até tenho admiração pelo trabalho do PAN. De verdade que a sua existência merece o registo na História parlamentar deste fantástico país, pelo elevado número de propostas apresentadas, algumas delas com toda a pertinência, outras nem por isso.

Fim dos animais selvagens no circo. E o animal não selvagem?? Será menos “animal” mesmo que sujeito (se for o caso) a uma vida nefasta para a sua condição?

Sobre a revisão dos provérbios portugueses: é o exemplo dos exageros dos partidos pequenos. Seria coerente se o PAN – partido das pessoas, dos animais e da natureza também propusesse o fim das anedotas com as sogras, com as louras e com determinadas profissões. Mas não o fez! Ou que os contos infantis fossem reescritos sempre que o animal ficasse em maus lençóis.

O Natal está a chegar espero que o PAN não se lembre de alterar a tradição do presépio pois o burro, o boi e os 3 camelos fazem parte.

Para entreter deixo algumas sugestões ao PAN, no plano dos contos infantis, onde pode ser oportuno por a rica língua de Camões em sentido:

1. Atirei o pão ao ga to to to, mas o ga to to to não comeu! D. Chi ca ca assustou-se se com o beijinho com o beijinho que o gato deu! (Gato não leva com o pau; não corre à frente do pau; gato não berra).

2. A história dos 3 porquinhos reescreve-se e os 3 irmãos brincam com o lobo amigo e jamais o lobo cai pela chaminé. Caso corra algo de mal, os 3 porquinhos levam o lobo ao hospital onde não há greve.

3. Na história da tartaruga e a lebre, reescreve-se as duas amigas apanham o comboio e chegam as mesmo tempo e a moral da história é quanto vale viver num país, sem greve nos transportes públicos;

Eventualmente podemos esperar que o PAN e outros com assento parlamentar nacional tenham maior empenho em “castrar” os doentes psicopatas que agridem as mulheres grávidas ou não grávidas, no meio da rua ou à porta fechada. Mulheres e crianças, tantas, vítimas de violência doméstica para as quais o Natal não será o entretenimento dos provérbios, e para as quais cada um de nós pode dar um pequeno contributo, pela revolta que publicamente devemos manifestar por persistir num país tão alegremente democrático, este tipo de atrocidades à condição humana.

Desejos de Feliz Natal a todos, especialmente, aos que tiveram a atenção de ler este espaço de opinião.