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O que em tempos foi visto como um luxo, é hoje apontado como uma solução

Uma das ilações desta roda-viva que nos cerca, normalmente em período eleitoral, é que no meio de tanta corrida, de tantas promessas, de tanta maledicência, no meio deste duelo de forças que quase sempre nos confunde mais do que aquilo que esclarece, o mundo pula e avança e outras coisas vão acontecendo, com implicações na vida do comum dos cidadãos, não tendo particularmente neste período de campanha, o eco que justamente merecia

Gostemos ou não, nesta última campanha autárquica, um dos candidatos à Câmara Municipal do Funchal, anunciou a criação de uma Polícia Municipal de carácter civil (PM), a palavra que entrou no vocabulário de todos nós munícipes há alguns meses, ganhou assim nova relevância de poder a vir a mudar a história da nossa cidade.

O assunto, portanto, é atual, embora não lhe seja dada a devida importância pelos restantes partidos, ficando a questão muito mais ao dispor de discursos inócuos do que das verdadeiras ações que urgem ser tomadas para que se evite que cheguemos a situações incontroláveis como já ocorre por vezes na nossa cidade, especialmente em dias festivos e de grande aglomerações de pessoas e cujos respingos já começam a se fazer presentes em todas as ruas do Funchal.

Gosto da baixa funchalense, do burburinho da cidade em hora de ponta, de ver gente nas ruas, dos turistas que, em cada vez maior número, trazem colorido à maior cidade da Madeira. Gosto tanto que moro no coração da cidade.

Mas viver nesta cidade também tem os seus inconvenientes e custos. Como qualquer morador da baixa tenho direito a um selo de estacionamento que me permite parar o carro numa rua perto de casa. Até aqui tudo bem.

O problema é quando há festa na cidade, ou aos fins-de-semana quando o estacionamento noturno é mais escasso do que água no deserto. O que faz um morador da baixa quando volta a casa e a rua onde lhe é permitido estacionar está cheia? Resposta óbvia: vai arrumar o carrinho onde houver lugar. Mesmo que esse lugar de estacionamento legal fique em Santa Clara, São Pedro ou arredores da cidade.

A verdade é que existe cada vez mais turistas e mais movimento, a situação torna-se problemática. Bem sei que andar a pé faz bem à saúde e todos agradecemos a possibilidade que a autarquia nos oferece de fazer exercício ao ar livre. O problema é quando o lugar não existe e somos obrigados a andar às voltas até perdermos a paciência e deixarmos o carro em local indevido. No dia a seguir temos a simpática multa.

Um exemplo prático: Jogo de futebol no Estádio da Marítimo, estádio cheio de adeptos, estacionamento preenchido, alegria no ar.... e os moradores que regressam a casa obrigados a ir estacionar no concelho vizinho, passe o exagero.

Alguém já pensou numa solução? Ou vão os moradores continuar a exercitar o físico para a próxima corrida de São Silvestre do Funchal? Ainda me arrisco a um lugar no pódio, tantos são os quilómetros acumulados ao longo do ano

Percebo que não seja uma situação de fácil resolução, mas é para resolver situações destas que existem as Polícias Municipais. É evidente que o Funchal à semelhança de muitas cidades portuguesas (atualmente existem 36 municípios que dispõem do serviço de Polícia Municipal) já devia ter implementado uma Polícia Municipal de carácter civil, tendo como objetivo a proteção dos bens das comunidades locais, bem como dar resposta às decisões das autarquias que, por motivos diversos, não conseguem ver satisfeitas as suas necessidades na Força de Segurança local.

Deve ser neste espírito que a Polícia Civil Municipal no Funchal deve surgir para uma resposta mais eficaz aos interesses locais e libertar a Força de Segurança local, neste caso particular a PSP, de terminadas tarefas administrativas para a sua missão originária: o garante da segurança interna.