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O meu filho vai a pé, mas vai limpo!

Num país onde impera a impunidade para quem rouba e lesa o património que é de todos nós, continuamos a assistir a audições surreais em inquéritos parlamentares que deveriam constituir-se como ferramentas imprescindíveis da democracia, mas que se tornam palco de atuações vergonhosas de inúmeros players financeiros, políticos e/ou empresários envolvidos num dos maiores escândalos da Banca em Portugal. Todos sofrem hoje de amnésia crónica, doença que parece mais comum do que a simples constipação. Tudo isto, sinceramente, enoja-me!

Como explica um pai a um filho a sua audiência na Assembleia da República? Como é que o filho se sente no meio dos amigos e colegas depois ver o pai dizer que não se lembra de como nem porquê concedeu créditos de milhões sem qualquer salvaguarda?

Enfim, como é do conhecimento de todos, hoje estamos a pagar caro os devaneios de certas personalidades, com a agravante cumplicidade política e empresarial de personagens sem escrúpulos, que colocaram o nosso país à beira do colapso financeiro. A esses, muitos que continuam a receber pensões vitalícias e prémios de desempenho, nada acontece. A nós, que investimos poupanças de uma vida e temos de trabalhar para pagar contas, sofremos as agruras de quem sente, como ninguém, o enorme aumento de impostos

Retomando o aspeto educacional da temática, que futuro queremos para os nossos filhos? Nós, cidadãos pagadores de impostos, que não temos direito a crédito sem garantias, vivemos em grandes dificuldades, fazendo uma ginástica financeira tremenda para coloca-los na escola, na explicação, nas academias, no desporto e, mais tarde, no ensino superior, de forma a que possam enfrentar o mercado de trabalho o mais bem preparados possível.

Tentamos fazer ver aos nossos filhos que nada é fácil no nosso percurso de vida mantendo uma gestão rigorosa dos gastos, sendo o máximo transparente com os mesmos, explicando-lhes os ingressos (o dinheiro que entra em casa) e partilhando os gastos, elucidando-lhes o orçamento familiar e tornando-os parte integrante da gestão orçamental. Têm que estar preparados para ouvir um “não pode ser”, não há orçamento para a ‘rubrica de jogos’, por exemplo. No aproveitamento escolar e no bom comportamento devemos traçar objetivos atingíveis, premiando-os se for caso disso. Só com esta relação win-win (ambos ganham) conseguimos reforçar a mesma e manter um equilíbrio.

Mas questiono a razão de ser de tudo isto quando pessoas com responsabilidades no país dão o mau exemplo às novas gerações e passam aparentemente impunes. Mas continuo a pensar que nós, pagadores de impostos, estamos no bom caminho, porque nós, os pais, temos uma função pedagógica fundamental de esclarecer e trabalhar o futuro dos nossos filhos e das novas gerações, mesmo quando o Estado ou as figuras que recebem comendas nos falham.

PS: Portugal é um país fantástico, lindíssimo, mas está infestado por uma raça que deve ser rapidamente alvo da nossa Justiça.