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Não deu para mais. Não dão mais

Na semana passada após as eleições regionais, todos os media-informativos à escala planetária, transmitidos por cabo e pela rede mundial de satélites, abriam os noticiários com o fim da hegemonia parlamentar do PSD-Madeira. Nas redacções desde Nova Iorque a Tóquio estava tudo preparado para os directos desde a Madeira, com enviados especiais oriundos dos principais canais informativos globais para fazerem directos do mais que provável vencedor candidato indicado pelo PS, que seria levado em ombros, com o povo em histérico cortejo. Contudo nada disso aconteceu. O partido das rosas não superou o maior coleccionador de rosas da ilha. O candidato-estrela morreu na praia e a invasão do castro laranja, ficará uma vez mais adiado para as calendas. Afinal aquela onda de apoio e de apelo genuíno dos madeirenses era artificialmente insuflada. Como diria o guru do Largo do Rato: foi “poucochinho”. Recolheram-se os microfones, encurtou-se o tempo de satélite, e os repórteres internacionais foram directamente para a Cimeira do Clima nas Nações Unidas ver a irritação pueril da sueca Greta. O epifenómeno madeirense telecomandado por Lisboa evaporou-se por si. Cabe à fauna necrófaga da praia, aliviar por misericórdia, aqueles atolados condoídos pela oportunidade perdida. O PSD perdeu a maioria confortável que sempre teve, e nada mais natural do que se aliar com o CDS, o que pelo que parece, à hora a que eu que escrevo este texto, vai mesmo se concretizar. O que não seria “natural” nem avisado, seria o PS (se tivesse votação para tal), se coligar com outros partidos quaisquer, pois, o candidato indicado pelo PS mostrou em seis anos na CMF, que é perito em despedaçar coligações, pelo que o referencial de “estabilidade”, seria muito precário. Aliás, fazer um desesperado apelo à restante oposição (incluindo CDS e CDU), como ele fez, é grotesco. Não deu para mais.

E porque o calendário eleitoral ainda não nos deixou de massacrar, teremos no dia 6 eleições legislativas nacionais com o anedótico e grave caso de Tancos, a apimentar a campanha, e a sovar o PS que tenta a todo o custo se libertar dos espirros da ventoinha, que atinge a sua (des)coordenação política num dos eventos mais vexatórios da soberania nacional dos últimos anos. Também é certo que o homem não ganhou as eleições há quatro anos, mas conseguiu o apoio da esquerda que fala pianinho ou assobia para o lado, ao caucionar esta governação “geringonçada” com que BE e CDU estão envergonhadamente comprometidos.

Continuamos sem novo hospital, sem ferry durante todo o ano, com um subsídio de mobilidade aérea em modo de pedincha, e com juros mais altos do que aqueles com que a República se financia. Acreditam que Lisboa vai agora nos facilitar nalgum capricho ou necessidade, com este ou aquele candidato? Não. Não dão mais.

Vou enviar uma carta para um senhor de barbas na Lapónia, e no Natal digo-vos qualquer coisa.