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MENINICE interditada, proibida, impedida

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Na semana em curso a imprensa nacional noticiou (denunciou ?) que “Tribunais de família obrigam crianças a visitar pais agressores” e no desenvolvimento da peça jornalística, ouvimos o relato direto de uma dessas situações.

Um relato que, infelizmente, não é caso único para tantas crianças neste país e por esse mundo fora. Umas sofrem em silêncio, encharcadas diariamente em lágrimas. Outras têm a sorte de ter alguém que as ampara quando a esperança na intervenção do Estado - tribunais, serviços da segurança social, técnicos sociais, espaços de mediação, etc...etc...etc...morre. Autênticos dramas.

Relatos que denunciam que os processos crime (mesmo com condenação em pena de prisão) valem “bola” nas pendências das instâncias de família.

Relatos que denunciam a prioridade de restabelecimento da relação pai/filho ou mãe/filho quando a criança está perdida pelo sofrimento infligido pelo(a) agressor(a).

Tragédias que impedem o crescimento saudável de tantas crianças sujeitas aos ditames da “promoção da parentalidade”, mesmo quando estamos a falar de filhos, vítimas de comportamentos execráveis por parte de progenitores e progenitoras. Sim! Isto não é um drama de género. Há homens e mulheres que são desprezíveis seres vivos, cuja conduta miserável mata o tempo próprio da infância. Mata a meninice que deve ser vivida por qualquer criança.

Será que o direito à integridade pessoal (artigo 25.º da CRP) não abrange as crianças???? Possivelmente na cabeça triangular destes progenitores/agressores “criança” não é pessoa.

Será que o direito e o dever de educação dos filhos (artigo 36.º CRP) é à paulada? À chapada? De facto o texto constitucional não diz como. Possivelmente na cabeça quadrada destes progenitores/agressores educar é infligir violência física e psicológica.

Os direitos das crianças pomposamente consagrados na literatura jurídica são uma utopia para estas crianças que nascem e crescem com o drama da violência.

O quadro extremo da violência doméstica surge com maior intensidade na imprensa mas não esqueçamos os dramas das separações quando a impossibilidade de diálogo entre os adultos, torna os filhos meros objetos / armas de arremesso nas discussões infindáveis.

Quando o acordo(?) sobre o exercício de responsabilidades parentais é papel de música. Quando os horários de visita são controlados à lupa e com fita métrica. E depois, já depois de esgotada a meninice, ambos discutem a culpa. Duro não? Mas a culpa é do professor, da Administrativa da secretaria, do diretor da Escola. Algures na velhice poderá haver um ato de contrição: a culpa afinal foi nossa.

Estamos nas férias da Páscoa, uma merecida pausa letiva para as crianças em idade escolar após um longo segundo período. Que todas aproveitem! Sem qualquer tipo de stress, nem o stress do caótico trânsito do Funchal que perturba graúdos e miúdos!