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Hospitalização domiciliária

Independentemente dos ‘timings’ para a construção e abertura do novo hospital é fundamental, urgente e imprescindível que o Serviço Regional de Saúde implemente a hospitalização domiciliária.

Esta visão de Prestação deste Serviço Público aos utentes, é mais amigável para quem está doente e seus familiares e fundamental para quem dirige os hospitais. Todos ganham com este novo “serviço” já que melhora o bem estar do doente, evita as infecções hospitalares (dados atuais indicam uma tendência para zero), diminui os encargos do estado e do doente com a sua recuperação (em cerca de 40%) e, humaniza o sistema, porque ficam ao cuidado dos familiares, em estreita cooperação com os técnicos de saúde.

Há já muitas experiências muito positivas deste novo serviço, iniciado em Novembro de 2015, com 25 hospitais aderentes e pelo menos 23 em exercício, com um total de 140 camas no domicílio.

Desde 1991 que, no hospital que dirigíamos, tentámos implementar este novo serviço, pelo que, como imaginam, é com especial alegria que vemos finalmente “abertura” para o seu desenvolvimento. E também é com especial orgulho que vimos esse mesmo hospital ser o pioneiro na hospitalização domiciliária (venceu a 10ª edição do Prémio Boas Práticas em Saúde em 2016).

Muito “lutámos” pelo que antevíamos ser mais uma “obrigação” para com os doentes. Este espírito prevaleceu no HGO e isso deixa-nos ainda mais orgulhosos.

Fomos pioneiros em muitos momentos da nossa carreira dirigente, nomeadamente na contratação de médicos em exclusividade. Pena que muitas das nossas propostas tenham “caído em saco roto”.

Convenhamos que a hospitalização domiciliária é uma prática corrente em muitos países, com historial e experiências seguras e com resultados brilhantes nas boas práticas clínicas.

Não estávamos, nem os nossos colegas estarão certamente, com experimentalismos supérfluos.

Hoje muitas situações clínicas ficam abrangidas por esta prática, como nas de medicina interna, pneumologia, neurologia, cardiologia, nefrologia, pediatria, obstetrícia, ou cirurgia geral, urologia, ginecologia, ORL, oftalmologia, ortopedia, etc.

Este serviço de hospitalização domiciliária, poderá mesmo ser encarado como um prestador de serviços a outros serviços, em regime de Centro de Responsabilidade Integrado (está previsto na legislação que o suporta).

Sendo certo que deste modo será sempre motivador para todos e, os seus gastos/benefícios, transparentes e escrutináveis.

Vou concluir com alguns números do HGO (que serve uma população de 370.000 habitantes) que evidenciam bem o quanto vamos “ganhar” com este novo serviço.

Em 31 de Agosto deste ano, tinham sido tratados pelo HGO 1.277 doentes (metade dos 2.563 a nível nacional)

Custos de 1.661.568,55 Euros, proveito de 3.018.905,90 Euros, com uma poupança de 1.357 337,35 Euros.

De referir ainda outros números impressionantes: reinternamentos após 72 horas 4,60 % e satisfação de familiares e utentes de respectivamente 82 e 90%.

E vão 3 anos de experiência...

Não podemos calar este apelo.

Manifestamos o desejo de que esta implementação seja uma realidade no SRS muito brevemente.