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“Honestidade” dos socialistas

Nos últimos anos temos vindo a assistir ao fenómeno da pós-verdade. Este fenómeno consiste em tentar moldar a opinião pública tendo por base apelos às emoções e às crenças pessoais desconsiderando os factos objectivos relativos às situações em apreço.

Um bom exemplo desse fenómeno reside nos Paços do Concelho. O actual edil camarário utiliza muitas vezes esta técnica para (tentar) minimizar a sua incapacidade governativa. Recentemente deflagrou um incêndio num prédio devoluto na nossa cidade. O referido edil não tardou em afirmar que a culpa de existirem prédios devolutos na cidade era da coligação negativa na Assembleia Municipal do Funchal composta pelo PSD-CDS que chumbou o agravamento do IMI, para um valor três vezes superior aquele que é cobrado aos restantes prédios. No seu entender se os proprietários dos prédios devolutos pagassem três vezes mais de IMI deixavam de existir os referidos prédios porque as pessoas fariam as obras em vez de ter os prédios a “cair de podres”.

Aqui podemos verificar vários exemplos de pós-verdade. Até para um melhor enquadramento do leitor convém referir que estas decisões são levadas a um órgão chamado Assembleia Municipal. Esse órgão é composto por 7 Partidos e tem a competência de fiscalizar o executivo camarário. É composto por 33 membros eleitos a que se somam 10 presidentes de Junta de Freguesia. Se a matemática não me falha 33 +10 =43. Metade de 43 são 21,5. Atendendo a que falamos de pessoas, arredondamos para 22. Ou seja, para chumbar qualquer coisa nesse órgão são precisas 22 pessoas. Nas últimas eleições autárquicas, o PSD venceu 5 Juntas de Freguesia e elegeu 12 membros na Assembleia Municipal. Portanto 12+5=17. Dos 43 membros, o PSD tem 17. O CDS não venceu qualquer junta e elegeu 3 membros à Assembleia Municipal. Ora 17+3=20.

20 membros é o somatório dos dois partidos que é ainda é inferior aos 22 membros necessários para chumbar alguma coisa.

Portanto, caro leitor, quando no Funchal se chumba alguma coisa, pode concluir que não foi só o PSD e o CDS que votaram contra. São precisos, para além destes, mais dois partidos- sim, porque fora a Coligação Confiança, o PSD e o CDS, os restantes 4 partidos têm apenas um membro na Assembleia Municipal. Às vezes são dois, outras vezes são três e algumas, como no orçamento, são os 4 partidos que votam contra a somar ao PSD e ao CDS.

Como vê, o Presidente da Câmara tenta culpabilizar 2 Partidos quando na realidade são precisos, no mínimo, 4. Um bom exemplo do que nem sempre o que parece é.

Segunda questão que nos faz acreditar que o Presidente da CMF ocorre a esta figura muitas vezes, é a questão de taxar pelo triplo os proprietários de prédios devolutos. Sem dúvida que todos podemos ter diferentes formas de gerir o nosso património. Contudo no tempo em que qualquer vão de escada é um alojamento local, facilmente se compreende que as pessoas não reabilitam os seus prédios ou por incapacidade económica ou, na maioria das vezes, por litígios que decorrem dos processos de Heranças.

A solução que o executivo camarário do Funchal apresenta é a solução que o Estado apresenta para reduzir a ingestão de açúcar, bebidas gaseificadas, do tabaco ou do álcool, taxar. Não percebe que o essencial é promover o comportamento adequado e, não apenas, condenar o comportamento errático. Ter ARU´S não chega. E dou mais um exemplo:

Se a cada perda de água ou a cada munícipe que vê o seu abastecimento de água interrompido na cidade do Funchal, o orçamento municipal visse as suas despesas aumentadas para o triplo, teria a CMF capacidade para pagar as referidas despesas e ter dinheiro para fazer as empreitadas necessárias para repor a situação adequada, mesmo com as contas relativamente equilibradas?

À mulher de César não basta parecer, é preciso Ser.